segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Xenofobia avança de Ocidente a Oriente


As atitudes governamentais contra os imigrantes e os cidadãos de origem estrangeira aumentam de intensidade da Europa e nos Estados Unidos à medida que a crise económica se vai institucionalizado. “Em paralelo com as medidas de austeridade, a xenofobia é a arma que sai agora do arsenal dos governos neoliberais como forma de combate à crise e também como fuga à adopção das iniciativas sociais e políticas que poderiam efectivamente contribuir para a melhoria da situação a nível internacional”, comenta Miguel Portas, eurodeputado da Esquerda Unitária, GUE/NGL, eleito pelo Bloco de Esquerda. A França e os Estados Unidos avançam com medidas concretas enquanto numerosas organizações de extrema direita se reuniram no Japão para coordenar acções contra os imigrantes.

Apesar das fortes reacções de sectores políticos, intelectuais e humanistas do país, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, continua a trabalhar na elaboração das anunciadas medidas contra comunidades estrangeiras alegadamente orientadas pelo objectivo de combater a criminalidade. Entre as acções em preparação, ou já em execução, estão a expulsão de ciganos, a retirada da nacionalidade francesa a cidadãos condenados por criminalidade e o aumento das dificuldades para aquisição da nacionalidade por pessoas de origem estrangeira nas mesmas condições. Por acção do ministro do Interior, desde 28 de Julho foram desmantelados mais de 40 acampamentos de ciiganos enquanto os cerca de 700 ocupantes foram expulsos para a Roménia e a Bulgária. A última acção desta campanha foi desalojar cerca de mil ciganos de 274 caravanas em Anglet, no sudoeste de França.

A Comissão da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial condenou a atitude do governo francês sublinhando que existe no país “um notável recrudescimento do racismo e da xenofobia”, parecer que provocou uma dura reacção governamental. O ministro do Interior condenou a ONU e afirmou que o governo de Sarkozy não tem vontade de “estigmatizar a comunidade cigana”.

Associações francesas de direitos humanos consideram que as medidas em preparação sobre a ligação entre a criminalidade e o estatuto da nacionalidade francesa são contrárias à Constituição. As propostas governamentais serão discutidas e votadas em Setembro pela Assembleia Nacional. Numerosos jornais e revistas divulgam entretanto sondagens através das quais os inquiridos, na sua maioria, apoiam as medidas anunciadas e em preparação pelo governo. O presidente Sarkozy promove três reuniões semanais no Eliseu dedicadas a estas questões como parte dos esforços para recuperar apoio político em plena contagem decrescente para as eleições presidenciais. Desgastado pelos problemas económicos e financeiros, pela crise social, pelos escândalos envolvendo ministros, Sarkozy procura recuperar terreno político através do regresso à estratégia nacionalista que supostamente lhe deu a vitória eleitoral. Pretende também recuperar votos que perdeu para a extrema direita nas recentes eleições regionais assumindo a política xenófoba da Frente Nacional de Le Pen, que continua muito activa no plano nacional e internacional.

A organização de Le Pen foi uma das que participou durante a última semana no “congresso” internacional das extremas direitas que se reuniu em Tóquio a convite do grupo fascista japonês Issuikai e que incluiu uma homenagem aos criminosos de guerra japoneses num recinto de Tóquio onde estes são evocados, o Yasukui. Além da Frente Nacional, participaram no “congresso” organizações fascistas britânicas, italianas, belgas (separatistas flamengos), holandesas, húngaras, ucracianas, espanholas, portuguesas (MNR), eslovacas, búlgaras e finlandesas integradas na chamada Aliança dos Movimentos Nacionalistas Europeus ou Europartido. O futuro dos movimentos nacionalistas, a análise demográfica das populações europeias e a política de combate à imigração estiveram na agenda do congresso fascista.

Em Itália, a Liga do Norte de Umberto Bossi, aliado governamental de Berlusconi, defendeu a aplicação das medidas de Sarkozy no território italiano como pilar da luta contra a imigração. “Devemos assumir a proposta de Sarkozy de vincular a cidadania ao facto de não se cometerem crimes”, disse Bossi numa entrevista concedida um ano depois de aprovado o “plano de segurança” italiano que criminaliza a chamada “imigração clandestina”.

Alguns Estados norte-americanos começam entretanto a adoptar leis anti-imigração no âmbito das medidas ditas de combate à crise, sobretudo num momento em que se tornam cada vez mais nítidos os sinais de estagnação económica no país. O presidente norte-americano aprovou entretanto um grande reforço orçamental para militarização da fronteira com o México de modo a combater a imigração com origem neste país. Obama assinou sem comentários públicos um pacote de 600 milhões de dólares para vigiar a fronteira com o México e que prevê a utilização de aviões não tripulados como os que são usados no Afeganistão e no Paquistão. A imprensa norte-americana comenta que o presidente pretende assumir medidas no âmbito da alteração das políticas de imigração uma vez que está preocupado com o êxito que sectores xenófobos estão a obter à medida que se vão desenrolando as consultas primárias para as eleições intermédias do próximo Outono que incluem a eleição de 36 governadores de Estados, de um terço do Senado e a renovação da Câmara dos Representantes. Os sectores da extrema direita republicana afectos a Sarah Pallin estão a alcançar importantes posições atribuídas à estratégia nacionalista e xenófoba claramente assumida.

Fonte: BEinternacional via Plano Brasil
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