sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Merkel se diz satisfeita após negociação "difícil" com a União Europeia


A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta sexta-feira estar satisfeita com os resultados da cúpula da UE (União Europeia) em Bruxelas, que decidiu abrir, como ela desejava, as portas para uma mudança do Tratado de Lisboa que inclua a criação de um fundo permanente de ajuda aos países em dificuldades financeiras.

"No geral, tivemos uma negociação profunda e difícil", disse Merkel em uma coletiva de imprensa, após o primeiro dos dois dias de cúpula em Bruxelas.

A chanceler estimou ter ganhado em suas reivindicações. Segundo ela, a Alemanha conseguiu "ir muito longe" nos pontos que considera importantes.

Merkel congratulou-se do fato de que a UE tenha aceitado estudar uma modificação de maneira limitada do Tratado de Lisboa, para perpetuar um fundo de ajuda financeira aos países em dificuldades, que atualmente está vigente por três anos, até 2013.

Berlim, principal contribuinte deste fundo por ser a maior economia do continente, defende esta exigência dizendo que seu Tribunal Constitucional poderia impedi-la de aprovar a criação do fundo, já que o atual Tratado de Lisboa proíbe que qualquer Estado-membro seja resgatado por seus sócios europeus.

UE

Os líderes da UE, pressionados por Berlim, concordaram nesta sexta-feira em estudar uma mudança limitada do Tratado de Lisboa para incluir a criação de um fundo de resgate permanente aos Estados em dificuldades financeiras, apesar do risco de reabrir um delicado processo de ratificações nacionais.

Reunidos em uma cúpula em Bruxelas, os chefes de Estado e de governo da UE (União Europeia) decidiram "convidar" o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a "iniciar consultas" entre os Estados com o objetivo de modificar o texto fundamental do bloco, afirmaram à AFP fontes diplomáticas.

Os 27 haviam acordado previamente a necessidade da criação de um fundo permanente para apoiar os países em dificuldades, após a crise da dívida grega deste ano ameaçar contagiar outros países fortemente endividados, como Portugal e Espanha.

Mas a Alemanha, apoiada pela França, havia condicionado a criação desse mecanismo, que por enquanto existe por um período de três anos, até 2013, à realização de uma reforma do Tratado de Lisboa, já que em seu estado atual o texto proíbe que qualquer Estado membro seja resgatado por seus parceiros europeus.

A locomotiva alemã, a maior contribuinte desse mecanismo, que possui uma capacidade total de financiamento de até 750 bilhões de euros (US$ 1,04 bilhão), defendia que seu Tribunal Constitucional poderia impedi-la de aprovar sua criação em virtude do conteúdo do Tratado de Liboa.

Após horas de acalorados debates, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, convenceu seus companheiros sobre a necessidade dessa reforma, apesar do pouco entusiasmo demonstrado com a ideia de modificar um texto que levou dez anos de complicadas negociações e que está em vigor a apenas 11 meses.

Os 27 retomarão o tema em sua próxima cúpula, no meio do mês de dezembro, com o objetivo de que qualquer mudança possa ser ratificada por cada um dos países membros até a metade de 2013, segundo as mesmas fontes.

"Se a Alemanha nos diz que para conseguir (criar esse fundo) precisamos mudar o tratado, estamos abertos à discussão", havia afirmado mais cedo o primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, somando-se à postura também demonstrada por vários países, como Espanha, Dinamarca, Finlândia, Luxemburgo e Grécia.

Ainda que qualquer modificação exija uma aprovação dos 27, seus líderes acreditam que, se a mudança for realizada, terá um caráter tão limitado que não será necessário passar por referendos nos Estados da UE.

Fonte:France Presse
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