sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aeroportos do Brasil e de 7 países africanos contra o narcotráfico


Policiais e responsáveis pelas alfândegas dos aeroportos de sete países da África e do Brasil formarão equipes de trabalho interligadas 24 horas por dia para lutar contra o tráfico de drogas de um continente a outro por via aérea, segundo o projeto Aircop, lançado nesta quinta-feira em Dacar.

Aproveitando a quase falta de controle nos aeroportos, os traficantes de cocaína produzida na América do Sul utilizam alguns países da África ocidental como base para redistribuir a droga destinada ao mercado europeu.

O projeto Aircop, iniciado imediatamente pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), com uma duração de três anos, buscará realizar um trabalho em grupo com várias equipes de segurança dos países envolvidos.

Trata-se de "uma resposta operacional e combinada" ao tráfico de drogas que busca "conectar os serviços no seio dos Estados e entre Estados" nos aeroportos internacionais de oito países, declarou o representante regional da UNODC, Alexandre Schmidt, durante a cerimônia de lançamento.

O projeto envolve Senegal, Costa do Marfim, Nigéria, Cabo Verde, Gana, Mali, Togo e Brasil, mas Guiné e Marrocos também foram convidados a participar.

Concretamente, o Aircop "permitirá reunir em nível nacional todas as agências responsáveis pela luta contra o tráfico e o crime organizado (polícia, alfândegas, forças de ordem pública, serviços de inteligência) em uma mesma unidade mista, que deverá colaborar com outras forças", declarou o chefe da delegação da União Europeia (UE) em Dacar, Gilles Hervio.

Grupos de trabalho compostos por menos de 20 pessoas serão instalados nos aeroportos 24 horas por dia, segundo Hervio.

Em nome da UNODC, Schmidt explicou que a "África ocidental tornou-se um objetivo porque os traficantes de drogas viram um aumento da repressão nos Estados Unidos".

Esta região tem "uma capacidade reduzida" no que se refere aos meios de luta contra o tráfico de drogas, principalmente pela "falta de coesão e de troca de informações entre serviços e entre Estados", acrescentou.

Entre 200 e 300 toneladas de cocaína chegam a cada ano à Europa por via aérea "e uma parte desse tráfico vem da África ocidental", segundo o secretário-geral do ministério senegalês do Interior, Cheiju Cissé.

O objetivo é "estabelecer uma comunicação segura entre aeroportos do oeste da África e da América Latina. É uma resposta vigorosa contra o tráfico de drogas", acrescentou.

Das 822 apreensões de droga realizadas na Europa em 2009, 122 (13%) foram de voo procedentes da África ocidental, disse Schmidt.

Fonte: AFP
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