segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Curdos protestam e tentam boicotar voto de emendas constitucionais na Turquia


A votação do referendo sobre emendas constitucionais ocorreu neste domingo sob tensão na Turquia, com confrontos entre as forças de segurança e ativistas curdos que tentam boicotar o pleito.

As agências de notícias turcas afirmam que cerca de 500 militantes curdos foram detidos pela polícia e ao menos 15 pessoas ficaram feridas nos confrontos. Segundo a Firat, agência pró-curda, as forças de segurança forçaram os ativistas que queriam boicotar a votação a registrar seu voto.

O Partido da Paz e Democracia, de origem curda, convocou um boicote ao referendo nas zonas de maioria curda, no sudeste do país, alegando que as 26 emendas propostas não trazem nenhum benefício e nem trata da discriminação contra esta minoria de cerca de 20% da população. Os rebeldes curdos anunciaram um cessar-fogo no mês passado com prazo até 20 de setembro.

Diante do apelo, a polícia turca deslocou milhares de agentes para as regiões de maioria curda. Em algumas cidades, foram instaladas ainda câmeras de segurança para verificar a identidade dos eleitores que iam até as urnas.

Alardeado como mais um passo em direção à entrada da Turquia na União Europeia, o referendo apoiado pelo Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco) muda vários artigos. Exemplos são a proteção de dados pessoais, programas de ação afirmativa, negociação salarial coletiva e o fim da imunidade aos militares envolvidos no golpe de Estado de 1980.

Mas o que deveria ser uma vitória fácil do governo se transformou em uma batalha com as tradicionais elites de poder que defendem os princípios seculares da Turquia e veem as emendas como uma ameaça. O resultado é visto como um grande teste da popularidade do premiê Recep Tayyip Erdogan, no ano anterior às eleições.

Erdogan votou em Istambul, ao lado da mulher e da filha, posando para a imprensa com o envelope de votação nas mãos e dizendo que o referendo é um importante passo para a democracia.

Em Ancara, o presidente Abdullah Gul apelou à harmonia. "A Turquia precisa se unir e olhar para o futuro. A Turquia deveria focar toda sua energia nos temas que seu povo enfrenta e no futuro do país", disse Gul, depois de vota, "O público tem o dizer final nas democracias. Eu gostaria de lembrara a todos para receber o resultado deste referendo com respeito e maturidade".

O governo civil alega que as emendas são necessárias para cumprir os requerimentos da União Europeia para inclusão da Turquia no bloco, em parte por tornar os militares mais suscetíveis às cortes civis e permitir que funcionários civis façam greve. A oposição, contudo, diz que as emendas que dariam ao Parlamento mais poder de nomear juízes mascaram uma tentativa do Executivo de controlar as cortes.

Os militares e o sistema Judiciário, incluindo a Corte COnstitucional, lutam para manter o legado secular de Mustafa Kemal Ataturk, que fundou a Turquia em 1923. O partido governista, que tenta incluir a Turquia no bloco europeu, diz que a ênfase radical no secularismo e nacionalismo precisa ser atualizada para incorporar a mudança democrática, incluindo liberdade religiosa.

As urnas fecharam às 16h (10h em Brasília) no leste da Turquia e às 17h (11h em Brasília) no resto do país. Os primeiros resultados devem ser divulgados ainda neste domingo, com as pesquisas indicando aprovação do referendo e outras um empate. Cerca de 50 milhões de pessoas, dois terços da população, podiam votar.

Fonte: Folha
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