domingo, 22 de agosto de 2010

Israel diz que funcionamento de reator iraniano é "inaceitável"


O governo de Israel disse neste sábado que o início das operações da primeira usina nuclear iraniana, em Bushehr, é "totalmente inaceitável", e pediu mais pressão internacional para forçar Teerã a encerrar o enriquecimento de urânio.

Em uma nota divulgada depois que a Teerã celebrou o lançamento do reator em Bushehr, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yossi Levy, disse: "É totalmente inaceitável que um país que viole tão flagrantemente as resoluções do Conselho de Segurança (das Nações Unidas), as decisões da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e seus compromissos do TNP (Tratado de Não Proliferação) possa desfrutar do uso de energia nuclear."

"A comunidade internacional deve aumentar a pressão para forçar o Irã a cumprir decisões internacionais e cessar suas atividades de enriquecimento e a construção de reatores," disse ainda Levy.

Israel, considerado o único país do Oriente Médio detentor de armas nucleares, disse que um Irã armado nuclearmente seria uma ameaça à sua existência, gerando apreensão com a possibilidade de Israel atacar as usinas nucleares iranianas.

Os Estados Unidos, Israel e alguns outros países ocidentais temem que a usina iraniana vise a produção de armas atômicas.

PROJETO

O projeto da central no golfo Pérsico foi iniciado pela empresa alemã Siemens antes da Revolução Islâmica de 1979, e interrompido pouco depois do início da guerra Irã-Iraque em 1980. A Rússia retomou a obra, que inicialmente deveria ter sido concluída em 1999, e a usina foi inaugurada hoje.

O carregamento das 163 barras de combustível nuclear no reator, que se realiza sob a supervisão da AIEA, terminará, em princípio, no próximo 5 de setembro.

Em seguida, serão necessários dois meses para que o reator alcance 50% de sua potência e que a central de 1.000 megawatts possa ser conectada à rede, o que está previsto para o fim de outubro ou o começo de novembro, informou o porta-voz da OIEA, Ali Shirzadian.

O lançamento da usina de Busher representa um sucesso tecnológico e político para o Irã "e uma espinha atravessada na garganta de seus inimigos", disse Ali Akbar Salehi.

SANÇÕES

O lançamento ocorre em um momento em que Teerã é submetido a seis resoluções do Conselho de Segurança da ONU --quatro delas, acompanhadas de sanções-- por desenvolver seu programa nuclear e pela negativa em renunciar ao enriquecimento de urânio, lançado em 2005. Além da ONU, Estados Unidos e países da União Europeia impuseram sanções adicionais.

O Irã alega que precisa enriquecer urânio para alimentar com combustível suas futuras usinas, e espera produzir um dia 20 mil megawatts de eletricidade de origem nuclear.

O processo de enriquecimento de urânio é uma atividade legal, mas controvertida devido ao seu possível uso duplo --militar e civil. Potências ocidentais suspeitam de que o Irã planeja equipar-se com uma bomba atômica, escondendo-se atrás de seu programa nuclear civil.

O Irã alega que seu programa tem fins pacíficos, e que quer a energia nuclear apenas para a produção de energia.

Fonte: Reuters
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