segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Iraquianos dizem que guerra vai continuar após retirada dos EUA


A mensagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que o Iraque irá "traçar seu próprio curso" feita neste fim de semana pode ter sido bem recebida por seus compatriotas cansados da guerra, mas aumentou a ansiedade quanto ao futuro para os iraquianos.

"A guerra não vai acabar. A guerra contra o terrorismo continua aqui", disse Nuri al-Moussawi, 51 anos, morador de Bagdá.

Obama anunciou no sábado o fim das operações de combate dos Estados Unidos na terça-feira, com uma redução do número de soldados no Iraque para 50 mil, cumprindo a promessa que ele fez durante a campanha presidencial de 2008 de dar fim à guerra que foi iniciada pelo seu predecessor, George W. Bush.

Entretanto, como os líderes iraquianos ainda não formaram um governo seis meses depois das eleições e os ataques dos rebeldes persistem, a confiança dos iraquianos está em baixa.

"A retirada dos Estados Unidos é precipitada. Nosso Exército ainda não tem capacidade", disse Moussawi.

A violência em geral teve uma queda drástica desde seu nível mais alto de massacres sectários em 2006 e 2007. No entanto, como muitos iraquianos, Moussawi não acredita na capacidade de proteção da polícia e do Exército do país, que juntos têm 600 mil homens.

As poderosas Forças Armadas do ex-ditador Saddam Hussein foram dissolvidas pelos administradores norte-americanos pouco depois que a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003. O Exército, polícia, Marinha e Aeronáutica do Iraque foram montados do zero.

Rebeldes sunitas colocaram as forças de segurança domésticas à prova, matando 57 homens em um centro de recrutamento do Exército em 17 de agosto e mais de 60 pessoas em atentados de carro-bomba contra delegacias de polícia em todo o país em 25 de agosto.

A declaração de Obama foi considerada uma prévia de um comunicado pela televisão que ele fará na terça-feira, do Salão Oval da Casa Branca. A Casa Branca está tentando enfatizar as vitórias de Obama antes das eleições de novembro, quando o Partido Democrata enfrentará eleitores preocupados com a guerra e a crise econômica.

Porém, 50 mil soldados continuarão no Iraque até o prazo de 2011, em cumprimento do pacto bilateral que Bush assinou com o governo do Iraque antes do fim de seu mandato.

"Quem diz que a guerra do Iraque está acabando está cometendo um erro," disse Hassan bin Hachim, 62, um trabalhador iraquiano. "A guerra não vai terminar a menos que um governo de coalizão real, que inclua todos os partidos, sem marginalizar nenhum, seja formado", disse ele.

Fonte: Reuters
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