sábado, 28 de agosto de 2010

Celso Amorim defende maior abertura às importações dos países vizinhos


O chanceler Celso Amorim, disse hoje que o Brasil deve se abrir às importações dos vizinhos para fortalecer a integração regional. Ele mencionou as queixas que tem recebido de países como Equador e Colômbia sobre barreiras não tarifárias impostas aos seus produtos.

"É óbvio que o Brasil precisa ser mais aberto. E não só na tarifa. Não adianta você abrir a tarifa e criar tantas dificuldades. Uma coisa importante é que a integração [sul e latino-americana] passe a fazer parte dos planos brasileiros, dos planos de desenvolvimento. Isso não cabe só ao Itamaraty nem à Presidência da República", afirmou.

"É preciso que o Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial], que a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], que o Departamento Sanitário do Ministério da Agricultura, que todos eles estejam compenetrados na integração", disse o ministro.

O Brasil tem superavit comercial com todos os países sul-americanos, com exceção da Bolívia (por causa do gás importado pela Petrobras). A região é também um das maiores clientes de produtos manufaturados brasileiros, que compõem mais de 80% da pauta das vendas do país para a vizinhança.

Amorim citou o caso equatoriano para exemplificar uma situação que definiu como insustentável.

"O Equador, por exemplo, importa US$ 1 bilhão [do Brasil] e exporta US$ 30 milhões. Isso é uma brincadeira. Cada produto que eles querem exportar para cá, tem um problema. Vamos pensar se esse produto tivesse vindo de dentro do Brasil se ia ser a mesma dificuldade", afirmou, depois de participar, no Rio, de um seminário do Itamaraty que comemorou os 50 anos da criação da Alalc (Associação Latino-Americana de Livre Comércio), hoje Aladi (Associação Latino-Americana de Integração).

A Aladi estabelece preferências tarifárias entre seus países membros que, segundo Soraya Saavedra Rodar, da CNI (Confederação Nacional da Indústria) são aproveitadas em 85% pelas empresas exportadoras brasileiras. O Brasil hoje negocia um acordo para ampliar essas preferências com o México.

Na entrevista, o chanceler brasileiro se disse otimista sobre os rumos da integração regional, sobretudo depois da última cúpula do Mercosul, no início do mês, que aprovou o código aduaneiro e estabeleceu um cronograma para o fim da dupla cobrança da TEC (Tarifa Externa Comum), que dificulta o comércio intrabloco e a chamada integração produtiva, em que cada país pode produzir produtos que fazem parte da cadeia de produção dos demais.

"No Mercosul, acho que nós podemos fazer avanços. Por exemplo, já estávamos discutindo liberalizar serviços com EUA e União Europeia e não discutimos liberalizar serviços no Mercosul. Estávamos discutindo com eles na base de lista negativa, quer dizer, podia tudo salvo as exceções, e no Mercosul não, são listinhas positivas.Então temos que mudar, dar um salto, [negociar] serviços, investimentos. Você pode ter um acordo de investimentos que não precisa ter a cláusula de proteção, que gera problema, mas pode ter tratamento nacional, nação mais favorecida. Isso nós podemos fazer e devemos fazer no Mercosul', afirmou.

Fonte: Folha
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