domingo, 18 de julho de 2010

Cientista iraniano diz que EUA queriam trocar espiões com o Irã


O cientista iraniano Shahram Amiri, que diz ter sido sequestrado em junho de 2009 na Arábia Saudita por agentes da inteligência americanos, declarou que os Estados Unidos propuseram a ele que fizesse parte de uma troca de espiões com Teerã. A acusação é a mais recente de uma série de histórias reveladas por Amiri desde o seu reaparecimento e que os EUA negam veementemente.

Em uma longa entrevista divulgada na noite de sábado pela televisão estatal, dois dias depois de sua volta ao Irã, Amiri afirmou que os serviços de inteligência americanos propuseram entregá-lo a Teerã como parte de um intercâmbio com três espiões americanos presos pelo Irã em uma referência aos três americanos detidos há um ano na fronteira com o Iraque.

Os três americanos Shane Bauer, 27, Sarah Shourd, 31, e Josh Fattal, 27, saíram em 31 de julho do ano passado para uma caminhada no Curdistão iraquiano -- região montanhosa e árida, limítrofe com o Irã, onde aparentemente a fronteira é pouco visível.

A versão defendida pelo Irã sustenta que os três montanhistas têm ligações com o serviço secreto americano e que ao cruzarem a fronteira entre o Iraque e o Irã de forma ilegal teriam praticado um um crime de espionagem. Os familiares negam e dizem que eles são apenas turistas.

"Os agentes americanos queriam que eu dissesse que era um agente dos serviços iranianos infiltrado na CIA", afirmou. "Disseram que, nesse caso, eu poderia fazer parte de um intercâmbio, e voltar ao Irã em troca da volta dos três espiões americanos detidos na fronteira iraquiana", acrescentou.

O cientista, que não apresentou provas de sua denúncia, disse ainda que a proposta foi feita em junho passado --depois de saber que havia conseguido entrar em contato com os serviços de inteligência iranianos quando se encontrava nos EUA.

NOVELA

O caso de Amiri é cheio de denúncias, mas tem poucas provas. Ele desapareceu em junho de 2009 na Arábia Saudita, para onde havia viajado para uma peregrinação muçulmana.

Teerã afirma que ele foi sequestrado pelos EUA com a ajuda dos serviços de inteligência sauditas, Washington nega.

Em 7 de junho, a televisão estatal iraniana difundiu um vídeo no qual um homem que dizia se chamar Amiri afirmava ter sido sequestrado pelos serviços secretos americanos e estar detido perto de Tucson (Arizona, sudoeste dos EUA).

No final do mesmo mês, outro vídeo divulgado pelos meios de comunicação iranianos mostrava o mesmo homem que dizia ter ido aos EUA livremente, para continuar seus estudos.

Os Estados Unidos sempre desmentiram ter sequestrado o físico e até então se negavam a esclarecer se ele se encontrava ou não em seu território.

O Irã convocou em 7 de julho o adido de negócios da embaixada suíça, que representa os interesses americanos em Teerã, para protestar contra o sequestro de Amiri pela CIA.

Na terça-feira passada (13), Amiri se refugiou no escritório de interesses de seu país, na Embaixada do Paquistão em Washington. Em entrevista à imprensa iraniana, ele disse que passou os últimos 14 meses"submetido a uma pressão psicológica grande e vigiado por homens armados".

O cientista, no entanto, não indicou o lugar de sua detenção nem como conseguiu chegar à embaixada do Paquistão, que abriga a seção de interesses iranianos desde a ruptura das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a República Islâmica há 30 anos.

O Departamento de Estado americano logo declarou que o cientista iraniano se encontrava nos EUA por vontade própria e era livre para partir quando quisesse.

NUCLEAR

Em sua entrevista, Amiri insistiu que os agentes americanos teriam tirado falsas conclusões sobre suas pesquisas, e explicou que ele é um simples pesquisador de física médica da universidade iraniana de Malek Ashtar, e que não está envolvido no programa nuclear de seu país.

"Queriam saber se eu realizava pesquisas no âmbito nuclear. Eles me faziam perguntas que não vinham ao caso e queriam vincular o programa pacífico do Irã a questões nucleares", declarou Amiri.

Segundo o cientista, os agentes mostraram "documentos sobre os métodos de fabricação de armas atômicas", e pediram a ele que dissesse aos meios de comunicação americanos que ele os havia levado com ele para os EUA.

Fonte: France Presse
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger