quarta-feira, 14 de julho de 2010

Brasil e UE reafirmam disposição para acordo com Mercosul


O Brasil e a União Europeia (UE) renovaram hoje sua vontade de chegar a um acordo comercial entre o Mercosul e o bloco europeu, embora reconheceram que "não será fácil" e que será necessário "convencer" setores e países que se opõem.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como os presidentes do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso, coincidiram hoje na quarta Cúpula Brasil-UE no ponto de que o acordo beneficiará ambas as partes, mas também que existem "dificuldades".

Lula as citou em parte e se comprometeu a tentar "convencer a França" de "o que um acordo pode oferecer a todos".

França, Irlanda, Polônia e outros países europeus com um forte setor agrícola expressaram receios diante da retomada das negociações entre UE e Mercosul.

Lula disse inclusive que, durante a Presidência rotativa do bloco sul-americano, que o Brasil assumirá em agosto, está disposto a apelar para sua amizade com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, para convencê-lo da importância do acordo.

Lula minimizou o impacto das barreiras impostas pela Argentina a produtos do setor agroalimentar em defesa de sua indústria, que foram alvo de críticas da UE, e assegurou que a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, mantém "uma forte vontade" de chegar a um acordo com o bloco europeu.

Durão Barroso, por sua vez, declarou que "é muito importante que as duas partes apreciem as vantagens" de um convênio entre dois blocos "do tamanho e da importância" de UE e Mercosul.

O ex-primeiro-ministro português admitiu que a negociação, que ficou parada durante quase seis anos e foi retomada neste mês, "não será fácil" e considerou que será necessário "responder aos setores que se sentirem prejudicados".

Em sua opinião, a atual crise na Europa não deve ser um impedimento para um acordo com o Mercosul, pois "a forma mais barata de responder (às turbulências) é sustentar o crescimento econômico" e para isso "é necessário aumentar o comércio".

Menos otimismo houve em um encontro paralelo de empresários do Brasil e da UE, no qual o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, atribuiu aos outros membros do Mercosul os impedimentos nas negociações com a UE.

"Está claro que juntos somos mais fortes, mas há divergências com a Argentina, Uruguai e Paraguai", afirmou, para seria "mais fácil" se o Brasil "estivesse sozinho".

Durante a cúpula realizada hoje, Brasil e UE também se comprometeram a "fazer o esforço necessário" para impedir que o fracasso da cúpula sobre mudança climática de Copenhague, em dezembro de 2009, se repita na deste ano, em Cancún (México).

Lula insistiu, no entanto, que será necessário que os países mais desenvolvidos aceitem que existem "responsabilidades diferentes" entre as nações que degradaram o meio ambiente "durante séculos" e as que iniciaram seus processos de industrialização mais tarde.

Também houve coincidências no sentido de que se deve acelerar a reforma das instituições financeiras internacionais a fim de fazer frente à crise global, ponto no qual Lula e Durão Barroso também insistiram na necessidade de retomar a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Achamos que é possível um acordo global" que sirva para dar mais dinamismo ao comércio e facilitar a saída da crise, disse Durão Barroso.

Como conquista concreta da quarta cúpula Brasil-UE, ficou a assinatura de um acordo de cooperação tripartido, mediante o qual as partes se comprometem a colaborar em programas para a produção de etanol e outros biocombustíveis em Moçambique, que deverá ser o ponto de partida para ações similares em outros países da África.

Fonte: EFE.
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger