sexta-feira, 11 de junho de 2010
Irã ameaça se distanciar mais da ONU
Um dia depois de ser alvo de uma quarta rodada de sanções no Conselho de Segurança da ONU, o Irã manteve o tom de desafio iniciado pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad no dia da votação. Segundo autoridades do regime de Teerã, os iranianos reverão suas relações com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"Os parlamentares devem aprovar leis para reduzir" as relações do Irã com a AIEA, disse Alaeddin Boroujerdi, diretor de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano. Em Viena, o enviado do Irã ao organismo, Ali Asghar Soltanieh, disse que "nada mudará. "O Irã seguirá suas atividades de enriquecimento de urânio".
O embaixador acrescentou que, "após 4.000 horas de inspeção, os atuais e anteriores agentes da AIEA declararam não haver desvio nas intenções nucleares do Irã para fins militares". Na verdade, a agência da ONU afirma que o regime de Teerã, acusado pelos Estados Unidos e seus aliados de possuir um programa para desenvolver armas atômicas, não coopera com a agência nuclear da ONU e deixou de responder perguntas importantes feitas pela entidade.
Os iranianos também demonstraram insatisfação com a China, que votou pelas sanções um dia antes de o presidente Mahmoud Ahmadinejad ter desembarcado em Xangai. "Houve uma época em que a China chamava os Estados Unidos de tigre de papel. Estou perplexo sobre como a China aceitou votar contra o Irã no Conselho de Segurança", afirmou Ali Akbar Salehi, diretor da Organização de Energia Atômica do Irã (mais informações nesta página).
O premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ao participar como convidado de reunião da Liga Árabe, afirmou que o "isolamento não é a solução para o problema do Irã". "Não participaremos de um erro destes porque a história não nos perdoaria", acrescentou.
A Turquia e o Brasil votaram contra a resolução. Os dois países defendem mais negociações e obtiveram um acordo com os iranianos em maio para que parte do urânio do Irã fosse enriquecido no exterior. O Líbano absteve-se e os outros 12 países foram a favor da resolução. De acordo com o novo documento, deve haver mais restrições às atividades militares e financeiras do que nas três anteriores. Os EUA e seus aliados decidiram seguir com o processo de sanções, tentando convencer a maior quantidade de países possíveis a aplicar medidas unilaterais contra os iranianos. A nova resolução, de acordo com diplomatas, dá uma base legal para imposição de medidas.
Pedido
Os EUA fizeram ontem um apelo ao Irã para que respeite os direitos humanos, quase um ano depois da violenta repressão aos protestos após as eleições presidenciais do ano passado.
PONTOS-CHAVE
Economia
Instituições internacionais podem bloquear transações de 40 bancos e empresas do Irã - 15 das quais controladas pela Guarda Revolucionária
Transporte
Países têm poderes ampliados para inspecionar navios que usem portos iranianos - esforço para que Irã não receba insumos para seu programa nuclear
Armas
Amplia o embargo de várias categorias de armamento pesado que não pode ser exportado para o Irã, como helicópteros de ataque, mísseis e navios de guerra
Bens
Congela bens e proíbe viagens para fora do Irã de integrantes da Guarda Revolucionária e de Javad Rahiqi, único alto funcionário ligado ao programa nuclear citado nominalmente
Urânio
Proíbe o Irã de obter participação acionária em minas de urânio no exterior ou em qualquer atividade relacionada à energia nuclear ou a mísseis
Fonte: Estadão
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