quarta-feira, 28 de abril de 2010

EUA minimizam presença militar do Irã na América Latina


Oficiais americanos disseram que o Irã tem tentado aumentar sua influência na América Latina, mas que até o momento a presença militar de Teerã na região não impõe nenhuma ameaça aos Estados Unidos.

O Pentágono alertou em um relatório recente sobre uma "presença crescente" da força Qods, força de elite da Guarda Revolucionária iraniana, na América Latina, especialmente na Venezuela.

Nesta segunda-feira, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, classificou a acusação de "totalmente falsa" e sugeriu que os EUA poderiam usar essa desculpa para atacar seu país.

O general Douglas Fraser, alto oficial militar americano, minimizou nesta terça-feira as descobertas e descreveu a influência do Irã na América Latina como, em boa parte, comercial e diplomática.

Reação de Chávez

"Olha o que eles estão dizendo", afirmou Chávez nesta segunda-feira, em cerimônia transmitida ao vivo pela TV. "Se os EUA aplicam sanções ao Irã, essas forças que estão aqui - algo que é absolutamente falso - poderiam então atacar o território dos EUA ou os interesses dos EUA com atos terroristas."

Chávez disse que a acusação é parte de uma tática de intimidação contra o seu governo. "Digam-me se isso não é uma ameaça aberta pelo governo dos Estados Unidos contra a Venezuela, mais uma vez usando infâmias e mentiras", afirmou.

Os antiamericanos Chávez e Ahmadinejad forjam uma relação política e comercial cada vez mais estreita entre os seus dois países, membros da Opep.

A Venezuela apoia o programa nuclear do Irã, apesar do ceticismo do Ocidente a respeito do seu caráter pacífico.

Acusações

Na última quinta-feira (22) o Pentágono enviou um documento ao Congresso dos Estados Unidos defendendo que o Irã está exportando para a Venezuela vários membros de seu exército ideológico, a Guarda Revolucionária, o que implicaria um risco para a influência crescente das forças americanas na América do Sul.

"A Guarda Revolucionária Islâmica tem capacidade operacional em todo o mundo. Está bem implementada no Oriente Médio e África do Norte, e em anos recentes intensificou sua presença na América Latina, particularmente na Venezuela", explica o informe.

"Se os Estados Unidos aumentarem seu envolvimento nessas regiões, o contato com a Guarda Revolucionária, diretamente ou através dos grupos extremistas que apoia, será consequentemente mais frequente", adverte o texto.

O documento não dá detalhes das atividades das forças iranianas na Venezuela, mas representa o primeiro alerta em um documento oficial americano sobre as atividades paramilitares na região.

Segundo o jornal americano "The Washington Times", que cita fontes da inteligência americana, as forças iranianas estão desenvolvendo redes de terroristas na América Latina --que poderiam ser ativadas para atacar os EUA em caso de uma escalada no confronto pelo programa nuclear iraniano.

O texto é a parte liberada à imprensa de um informe completo sobre a estratégia militar do Irã, que o Pentágono deve enviar por lei todos os anos ao Congresso. O secretário de Defesa americano, Robert Gates, já acusara há um ano o Irã de "atividades subversivas" na América Latina.

Fonte: Folha/EFE
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