quinta-feira, 15 de abril de 2010
EUA e Rússia intervêm para atenuar crise no Quirguistão
Os presidentes da Rússia, Dmitri Medvedev, e dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiram intervir no conflito civil no Quirguistão para viabilizar a renúncia do líder deposto, Kurmanbek Bakiyev, e sua saída do país.
"Medvedev ordenou ao Ministério da Defesa russo que garanta a segurança do voo de Bakiyev e sua família ao Cazaquistão", assegurou Natalia Timakova, porta-voz do Kremlin.
Bakiyev, que tinha se refugiado no sul do país após ser derrubado por um levante popular, foi levado em um avião militar da cidade de Jalal-Abad para Taraz, no Cazaquistão.
O porta-voz da Chancelaria do Cazaquistão, Ilias Omarov, confirmou que o avião em que Bakiyev estava aterrissou em Taraz, mas não disse se o presidente deposto vai se exilar no próprio Cazaquistão ou em outro país.
Fontes do Quirguistão disseram que Bakiyev planeja viajar para Astana, a capital cazaque, após o que poderia ir para a Letônia, onde está seu filho mais novo, Maxím, que controlava a economia do país, ou à Turquia, onde está parte de seus negócios.
Depois, o porta-voz do Governo provisório, Edil Baisalov, antecipou que Bakiyev tinha apresentado sua renúncia, o que abre caminho para que as novas autoridades consigam a legitimação internacional.
A renúncia e a partida de Bakiyev, posto no poder pela Revolução das Tulipas de 2005, foi fruto das negociações feitas por Cazaquistão - atual presidente da Organização para a
Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) -, EUA, Rússia e Quirguistão, com mediação da ONU e da União Europeia.
A Presidência da OSCE afirmou que a partida de Bakiyev representa "um grande passo em direção à estabilização e para evitar a guerra civil no Quirguistão".
A organização pediu ao Governo provisório e a todas as forças políticas do país que ajudem a garantir a estabilidade, a ordem pública e a legalidade, e que se ocupem dos problemas econômicos mais urgentes.
A presidente interina, Rosa Otunbayeva, declarou que aceitou a partida do líder deposto para "evitar um enfrentamento civil entre o norte e o sul", após os violentos choques entre corpos de segurança e manifestantes do dia 7 na capital, Bishkek, que deixaram mais de 80 mortos.
Otunbayeva louvou Obama, Medvedev e o presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, por terem convencido Bakiyev a renunciar a suas ambições políticas e não gerar uma "guerra civil".
As novas autoridades, que acusavam Bakiyev de autoritarismo, abusos, nepotismo e corrupção, rejeitaram as condições exigidas para a apresentação da renúncia, que incluíam garantias de segurança para ele e seus parentes.
Otunbayeva, ex-chanceler, já manteve consultas com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, que apoiou desde o início as novas autoridades e ofereceu ajuda econômica e humanitária.
O subsecretário de Estado dos EUA, Robert Blake, afirmou em Bishkek que os esforços multilaterais incluíram consultas sobre as formas de legitimação do poder provisório formado pela oposição quirguiz.
"Os representantes do Governo são conscientes do quão importante é legitimar seu poder. Advoguei pela máxima transparência nesse assunto, pela participação do povo e a colaboração com a OSCE, e tenho a impressão de que suas intenções coincidem com os padrões da OSCE", disse Blake.
O porta-voz do novo Governo assegurou que as autoridades se propõem a reformar a Constituição e o sistema político vigente no Quirguistão, a fim de dar maiores faculdades ao Parlamento, e realizar eleições legislativas e presidenciais dentro de seis meses.
O líder russo declarou, por sua vez, que a capacidade do novo Governo quirguiz de pôr ordem no país, resolver os problemas econômicos e realizar eleições limpas será crucial para o futuro de suas relações com a Rússia.
O Governo provisório pediu apoio político e assistência financeira além de a Rússia e EUA, à China, vizinho ao Quirguistão.
Fonte: EFE
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Futurologia: “malditos quirguizes”
ResponderExcluirBastará um aceno da diplomacia estadunidense para que a imprensa alinhada aos ditames de Washington passe a tratar os opositores do governo do Quirguistão como golpistas a serviço de Moscou. A legitimidade dos chamados “movimentos democráticos” não depende de seus objetivos imediatos, mas dos interesses geopolíticos que favorecem.
Nos países do “Eixo do Mal”, as “motivações políticas” dos manifestantes são bem-vindas, o “confronto” com os cossacos vira abuso de poder, civis desarmados querem apenas a “dissidência” pacífica. Assim que a turba reclama de bases militares dos EUA (ou do autoritarismo de José Serra), o clamor popular começa a não parecer tão agradável.