sexta-feira, 16 de abril de 2010

Brasil, Índia e África do Sul exigem reforma do sistema financeiro global


Brasil, Índia e África do Sul exigiram nesta quita-feira (15) a reestruturação das instituições financeiras globais para assegurar um mundo mais equitativo e justo, no qual haja ênfase no desenvolvimento sustentável e no combate à pobreza.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu colega da África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, se reuniram em Brasília na quarta cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) e destacaram que ainda é necessário fortalecer o papel dos países em desenvolvimento no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.

"Precisamos reformar as instituições de Bretton Woods para aumentar sua efetividade, transparência, credibilidade e legitimidade", diz a Declaração de Brasília, assinada pelos três líderes, segundo os quais a crise financeira que explodiu em 2008 ainda persiste.

Nesse sentido, exigiram um "aumento substancial" do capital do Banco Mundial para que possa melhorar sua capacidade de atender as necessidades creditícias dos países pobres e, especialmente, do continente africano.

Os três líderes também pediram uma "urgente" reforma e ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas para torná-lo "mais democrático e representativo" e com voz e voto para os países em desenvolvimento.

"Já não podemos aceitar que a maioria da população do mundo siga sem representação no Conselho de Segurança", disse Zuma, cuja declaração foi referendada pelo primeiro-ministro da Índia, para quem os países do Ibas coincidem "plenamente" em relação à "urgência" da reforma da ONU.

Os três governantes também apontaram que a comunidade internacional deve retomar as negociações da Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), para acelerar a recuperação econômica e também como um instrumento de desenvolvimento, especialmente orientado aos mais pobres.

Nesse sentido, mostraram sua preocupação com as "excessivas exigências" dos países ricos em relação a nações em desenvolvimento sem oferecer contrapartidas "adequadas" nas negociações comerciais.

"A conclusão da Rodada de Doha é inadiável para corrigir de uma vez as anomalias" que ainda persistem no comércio internacional, disse Lula.

A mudança climática também esteve presente nas discussões. Os líderes se comprometeram a promover um "esforço global" para que haja um "acordo vinculativo" na Conferência sobre a Mudança Climática que será realizada no México no final deste ano.

Os três países reafirmaram seu compromisso com a meta de uma completa eliminação das armas atômicas, mas também reconheceram "o direito" do Irã de desenvolver seu programa nuclear com fins pacíficos e destacaram a necessidade de alcançar uma solução pacífica para o conflito e por vias diplomáticas.

"Pedimos ao Irã total cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica e que cumpra as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas", diz a Declaração de Brasília.

Lula, Zuma e Singh manifestaram suas condolências a chilenos e haitianos pelos terremotos que os castigaram neste ano e, no caso do Haiti, convocaram a comunidade internacional para contribuir na reconstrução do país sob a liderança da ONU.

No âmbito da cooperação trilateral, foi decidido desenvolver um programa espacial conjunto com direito à construção de dois satélites para estudos meteorológicos, agrícolas, de navegação e observação da Terra, que inclusive poderão prestar serviços a outros países, segundo disse Lula.

Além disso, houve a assinatura de um acordo para aumentar a cooperação em energia solar e um memorando de entendimento que abrirá espaço para a cooperação futura na agricultura.

A reunião do fórum Ibas deu lugar à cúpula do grupo Bric, formado por Brasil, Rússia, Índia e China.

Lula e Singh se uniram nessa segunda cúpula do dia aos presidentes da China, Hu Jintao, e da Rússia, Dmitri Medvedev.

A cúpula do Bric estava marcada para amanhã, mas foi antecipada a pedido de Hu Jintao, que decidiu antecipar seu retorno à China devido ao terremoto que sacudiu ontem a região de Qinghai, deixando mais de 600 mortos.

Fonte: EFE
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