Para uma nação como a nossa que esta hoje figurando entre as principais potências emergentes e se alicerçando entre as grandes nações, ter soberania sobre seu território e riquezas não é uma necessidade, mas sim uma obrigação.
Debaixo da superfície marítima brasileira, a riqueza é incalculável, aproximadamente 55 mil quilômetros quadrados de bacias, uma capacidade hídrica única no mundo e nossa reserva de água doce é a maior do planeta. Enfim, um patrimônio inestimável que necessita de ser protegido de todas as formas. Eis um fator determinante para retomada dos investimentos e dos planos de modernização da Marinha Brasileira.
Pensando nesta linha, foram retomados importantes projetos nacionais de defesa, em especial o programa do submarino nuclear brasileiro. Um programa que visa a concepção e construção de uma embarcação ágil e com uma autonomia limitada pela capacidade da tripulação de se manter sob o mar, a furtividade e o poder estratégico que esse meio nos traz são algumas das vantagens.
Devido à necessidade de acelerarmos as capacidades nacionais neste setor e mesmo para dar prosseguimento a um projeto que por muito tempo se arrasta (o reequipamento da Marinha do Brasil), o governo brasileiro alinhou uma parceria estratégica junto a França, onde neste acordo é previsto a construção do casco para tal submarino nuclear, a transferência da tecnologia necessária para sua construção e um lote de quatro submarinos convencionais da classe “Scorpene”, tudo a ser construído no Rio de Janeiro, onde também é previsto no contrato a construção da nova base de submarinos na Baía de Sepetiba.
Muitos leigos têm criticado o programa de reequipamento, não só da Marinha, mas do Exército e Aeronáutica, usando como argumento a ausência de conflitos envolvendo o Brasil nas últimas décadas. Mas o que poucos tem parado para analisar, não é só o fator estratégico militar envolvido, mas também o industrial e principalmente o tecnológico. Uma vez que tais programas visam capacitar o Brasil nos campos de alta tecnologia os quais ainda não dominamos. Logo tais programas irão proporcionar um crescimento da capacidade industrial, gerar mão de obra especializada que nosso país tanto carece e principalmente gerar empregos e recursos financeiros.
Quanto ao aspecto geopolítico, o submarino nuclear dá ao Brasil um real poder de dissuasão que hoje se faz necessária dada a posição do Brasil no mundo hoje e a projeção de crescimento contínuo de nossa economia, mercado e capacidade de exploração dos recursos naturais. A questão de Defesa hoje deve ser tratada com seriedade, não mais como plano de governo, mas como uma política de Estado a ser projetada para garantir a soberania nacional hoje e em longo prazo.
Uma questão não menos importante, passa pela dúbia necessidade de termos um Navio aeródromo realmente capaz e operacional, uma vez que o atual NAe A-12 São Paulo deixa e muito a desejar nas capacidades operacionais e disponibilidade técnica, estando já há anos parado para reparos e modernização, fazendo que com isso percamos a expertise na operação deste tipo de embarcação.
Ainda falando da necessidade de termos um “porta-aviões”, é preciso investir em um vetor avançado para equipá-lo, haja vista que hoje operamos os A-4 Skyhawks, o que acarretará um alto investimento que deve ser estudado a fundo para obtermos uma equação adequada, apesar das aeronaves hoje em operação ser por muitos consideradas defasadas do ponto de vista tecnológico para o cenário de guerra moderno, temos de nos ligados ao ponto chave, a doutrina de emprego e a necessidade que se faz deste meio, isso sem contar que, mesmo que comprássemos um novo vetor hoje, se faria necessária a cosntrução de um novo NAe para opera-las, pois estes operariam com grandes limitações devido a falta de capacidade de nosso A-12 de operar os modernos aviões de combate embarcado em sua plena capacidade.
Já no campo de guerra submarina, contamos com os IKL-209, construídos aqui no Brasil, com tecnologia alemã, e quem vem a figurar como o meio mais moderno a disposição da esquadra hoje. Que atendem bem a nossas necessidades na medida do possivel e em breve serão complementados com a incorporação dos “Scorpene” a serem construídos, dando a Marinha capacidade operacional e de defesa, ainda que não seja a ideal para um país com nossas dimensões e tamanho território marítimo, sendo esta suprida apenas com a entrada em serviço de submarinos nucleares.
Outro projeto que esta sendo estudado pela MB e que visa dar mais capacidade a esquadra, é o que se refere as novas escoltas, uma vez que temos uma capacidade muito limitada hoje neste quesito. Havendo no mercado hoje ótimos projetos a serem cuidadosamente analisados.
Neste ano, especificamente, o foco dos investimentos é em navios de patrulha oceânico. São equipamentos vitais nos trabalhos de vigilância de riquezas como o pré-sal, por exemplo. Menina dos olhos da chamada Amazônia Azul. Hoje motivo de disputa dentro do governo com relação a divisão dos royalties para os estados produtores de petróleo, que estão sendo prejudicados pelo modelo aprovado pelos deputados no dia 10/03, onde o dinheiro passaria a ser repartido entre todos os Estados e municípios de acordo com critérios dos fundos de participação, reduzindo a parcela das áreas produtoras. Na minha concepção deveria manter o modelo atual para os poços já em exploração e no caso dos novos poços destinarem uma fatia maior aos estados produtores, uma fatia para um fundo de Defesa Nacional e o restante a ser dividido entre os demais estados.
As ações previstas pela Estratégia Nacional de Defesa (END), devem mudar o curso da MB hoje. Pois a força tem feito milagre para se manter operacional e capaz de cumprir as suas obrigações constitucionais. Com cortes contínuos em seu orçamento, temos hoje uma marinha limitada, que tem uma esquadra defasada e incapaz de cumprir plenamente suas missões, a qual poderá ver seu poderio reduzido a uma "guarda costeira".
Resta-nos a esperança de que esta mentalidade da sociedade hoje em relação as questões estratégicas e de defesa venham a mudar, e venha a surgir em nossa sociedade uma consciência das necessidades reais de nosso país e o amadurecimento em relação aos investimento nas forças armadas.
Resumindo
A Marinha do Brasil hoje necessita de investimentos imediatos e concretos para modernizar seus meios operacionais, capacitando a mesma no desempenho de suas misões, visando dar ao Brasil uma capacidade real de se manter soberano em suas águas, protegendo nossas maiores riquezas e principalmente o orgulho de ser Brasileiro, caso não se faça agora o investimento necessário, podemos nos deparar no futuro com uma Marinha sem meios necessários para o cumprimento de seu dever constitucional, resultando em tempos sombrios.
Autor: Angelo D. Nicolaci
editor GeoPolítica Brasil
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