quinta-feira, 25 de março de 2010

Franceses baixam preço do Rafale


Esquenta a disputa pelo FX-2 após a visita do rei suéco á Brasilia, Franceses reagem ao lobby suéco com redução do custo do Dassault Rafale.

A Dassault, fabricante do Rafale francês, reduziu em mais 11% a 12% o preço do avião com que concorre na seleção para fornecimento de caças à Força Aérea Brasileira, informou ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim. "O (presidente da França, Nicolas) Sarkozy cumpriu a promessa feita a nós", comentou Jobim, em tom de aprovação. Apesar de mais essa indicação de interesse pelos caças franceses, Jobim e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram ontem não haver decisão, ainda, sobre quem será o fornecedor da FAB.

Estudo feito pela Aeronáutica apontou os caças Rafale, da Dassault, como os mais caros e de operação mais custosa para a FAB. Na semana passada, porém, o governo conseguiu que a FAB refizesse seu relatório,amenizando preferências e situando as três propostas em um mesmo nível de avaliação. O primeiro relatório da FAB, obtido por publicações especializadas, enfatizava que o preço para venda dos aviões estaria em US$ 8,2 bilhões, bem acima dos concorrentes Boeing (US$ 5,7 bilhões) e Saab (US$4,7 bilhões). No começo do ano, o ministério deixou vazar informações de que o valor dos caças franceses havia caído para US$ 6,2 bilhões,ainda considerado alto.

"Não é uma coisa que vai ser paga no meu governo, vai ser paga para frente",argumentou Lula, ontem, para justificar a falta de urgência. "Tenho deter mais cuidado e mais responsabilidade." O presidente fez questão de lembrar que o governo quer fazer da compra uma oportunidade para criar capacidade de produção e venda de aviões militares. "Queremos fabricar o avião no Brasil e queremos que o Brasil seja, inclusive, num futuro bem próximo, exportador desses aviões", comentou.

Jobim informou que só depois da Semana Santa deverá concluir seu parecer, combase nas análises das secretarias que encarregou de estudar a avaliação feita pela FAB a respeito dos concorrentes, o sueco Gripen, o francês Rafale e o americano F-18 Super Hornet. Lula convocará, então, o Conselho de Defesa para a decisão final.

Lula falou sobre a concorrência da FAB pouco depois de receber o rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, que não vacilou em abordar o assunto no encontro entre os dois. O rei comentou com Lula, em conversa reservada, que gostaria de tratar com ele do tema dos caças, "uma via de mão dupla", que criaria uma ligação entre as indústrias Aeronáuticas dos dois países, segundo argumentou. O ministro de Defesa sueco, StenTolgfors, disse que a associação entre os dois países seria benéfica por ligar uma indústria Aeronáutica forte em encomendas civis, como a brasileira, a outra mais forte no terreno militar, como a sueca.

Ao discursar durante assinatura de atos, no Palácio do Itamaraty, o rei,embora não tenha citado os caças, propôs "aprofundar a cooperação e o intercâmbio dos dois países em diversos setores, como defesa e indústria Aeronáutica". Depois do encontro, o presidente comentou sem constrangimento o lobby feito pelo rei sueco.

"O rei da Suécia faz o que fazem todas as pessoas que eu encontro", disse Lula, ao lembrar que, em breve, terá encontros com o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o da França, Nicolas Sarkozy, e que espera ouvir de todos a defesa de aviões dos respectivos países, ainda que os encontros sejam motivados por outros temas. "Cada um vai falando, a gente vai aprendendo e quem sabe o preço vai caindo", brincou. O rei viaja no fim de semana à Amazônia, com Jobim, a quem espera convencer das vantagens da propostas sueca, que garante permitir total transferência tecnológica.

Todas as indicações do governo são em direção ao contrato com os franceses, único, segundo argumenta Jobim, a não fazer reservas em relação a transferência de tecnologia e futura venda a terceiros países. Embora os concorrentes americanos e suecos garantam oferecer transferência de tecnologia, Jobim manifesta desconfiança, lembrando casos passados em que, por razões geopolíticas, o governo americano bloqueou negócios de empresas brasileiras com material militar com tecnologia sensível fornecida pelos EUA.

Fonte: Valor Econômico
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