sexta-feira, 19 de março de 2010

Ditador líbio gera crise diplomática ao sugerir divisão da Nigéria


A Nigéria ordenou nesta quinta-feira a retirada de seu embaixador da Líbia após a sugestão feita pelo líder líbio, Muammar Gadaffi, de que o país deveria ser dividido em dois, um muçulmano no norte e um cristão no sul.

O ministério das Relações Exteriores da Nigéria disse por meio de um comunicado que o embaixador estava sendo chamado para consultas por causa do "discurso irresponsável do coronel Khadafi".

"Suas tiradas teatrais a cada oportunidade são inúmeras para serem contadas", diz o texto.

No início da semana um senador nigeriano havia chamado Gadaffi de "louco".


Sugestão

Gadaffi sugeriu a divisão da Nigéria para impedir mais conflitos entre grupos rivais no país. Centenas já morreram este ano em violência étnica e religiosa na região de Jos, no centro do país.

Embora a violência na Nigéria geralmente ocorra entre muçulmanos (que dominam o norte) e cristãos (predominantes no sul), suas causas são também políticas, econômicas e sociais.

Khadafi, que chefiava até recentemente a União Africana, elogiou a divisão da Índia para a criação do Paquistão em 1947 como o tipo de "solução radical, histórica" que beneficiaria a Nigéria.

Pelo menos 200 mil pessoas morreram na secessão indiana, com algumas estimativas afirmando que o número de mortos chegou a um milhão.

A partilha deixou ainda 12 milhões de pessoas desabrigadas e dividiu inúmeras famílias.

Uma tentativa de separatismo do sudeste nigeriano, em 1967, deflagrou uma guerra que matou mais de um milhão de pessoas.

Fonte: BBC Brasil
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1 comentários:

  1. A principal razão dos conflitos armados na Nigéria não é "étnico-religiosa", como a grande mídia internacional prefere denominar.

    A simples existência de etnias diferentes em um mesmo território não é causa de guerra em lugar algum. As disputas sempre surgem por razões políticas e econômicas, e muitas vezes, os grupos em disputa se utilizam do discurso étnico como argumento para arregimentar soldados ou conseguir apoio de grupos locais.

    No caso da Nigéria é muito claro: os grupos separatistas querem separar do país para poderem controlar toda a renda do petróleo, que está concentrado no Sul do país. É um caso bastante típico de "maldição do petróleo" em que a disputa pelo controle de recursos petrolíferos adquire a dimensão de conflito armado, provocando mais violência e miséria.

    CEPIK, Marco A. C. & OLIVEIRA, Lucas K. (2007) "Petróleo e Insurgência Armada na Nigéria". Radar do Sistema Internacional, RSI, p. 1-11. http://www.rsi.cgee.org.br/documentos/4245/1.PDF

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