quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Lula inicia processo para acordo estratégico com o México


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega mexicano, Felipe Calderón, deram nesta terça-feira (23) o primeiro passo para a elaboração de um acordo estratégico que vincule as duas economias, as maiores da América Latina, e acabe com antiquados receios de empresários dos dois países.

Com a assinatura de um memorando de entendimento para começar a analisar a viabilidade do acordo, começou o processo que pode beneficiar mais de 300 milhões de pessoas (195 milhões de brasileiros e 107 milhões de mexicanos).

O anúncio foi feito após um encontro entre empresários dos dois países, com participação dos presidentes, após o fechamento da cúpula do Grupo do Rio, que aconteceu entre segunda e terça-feira no balneário turístico de Playa del Carmen, no Caribe mexicano.

Apesar de não se tratar ainda de um TCL (Tratado de Livre-Comércio), Calderón afirmou que o objetivo é "promover o crescimento e o desenvolvimento econômico" dos dois países, "fortalecer competitividade e a presença regional nos mercados internacionais" e aumentar o emprego.

Outro dos objetivos é "garantir o acesso real de produtos brasileiros e mexicanos aos mercados das duas nações, combatendo de maneira ágil e efetiva as barreiras que forem enfrentadas pelos exportadores".

O presidente mexicano convidou os empresários dos dois países a participarem do processo de análise sobre a conveniência de uma associação estratégica, cuja duração dependerá "da substância", assinalou.

Juntos, Brasil e México têm um PIB de US$ 2,66 trilhões, valor que representa cerca de 63% do PIB total da América Latina, segundo cálculos da companhia mexicana Consultores Internacionais (CI).

A ideia de um TLC entre Brasil e México foi rejeitada em outras ocasiões pelos empresários mexicanos, que afirmam que a economia brasileira é mais fechada que a mexicana e impõe maiores impedimentos tarifários ao comércio. No México as exportações e importações equivalem a 45% do mercado total, no Brasil apenas 22%.

Lula assegurou que México e Brasil têm condições de serem parceiros, já que não são adversários e "muito menos inimigos".

O presidente afirmou que o México tem que "virar a cabeça em direção à América do Sul" e não apenas "olhar para um lado", em referência aos EUA, país que recebe 80% das exportações mexicanas.

O Brasil "tem muitas semelhanças com o México" e os países têm "todas as condições para serem aliados", disse Lula, que questionou o "medo" que os empresários mexicanos sentem dos brasileiros, dizendo que "não sentem o mesmo em relação a americanos, japoneses ou alemães".

O governante aproveitou para lançar um desafio: realizar um grande encontro empresarial mexicano no Brasil, e um brasileiro no México, reunindo cerca de 500 empresários, para que discutam as semelhanças entre as duas nações.

"O Brasil não é mais perigoso que muitos parceiros do México, e certamente o México não é mais perigoso que muitos parceiros do Brasil", afirmou Lula, que disse que é "uma vergonha" o comércio bilateral entre os dois países, que fica em US$ 7 bilhões, valor considerado baixo.

Durante a reunião de Lula e Calderón, a empresa mexicana Idesa e a brasileira Braskem anunciaram que vão investir US$ 2,5 bilhões na construção e operação de um complexo petroquímico no México, que vai produzir um milhão de toneladas anuais de etilenos e polietilenos, gerando cerca de 800 empregos diretos e 2.200 indiretos.

Fonte: Folha
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