segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Irã diz que reavalia proposta de acordo nuclear dos EUA, Rússia e França


O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, citado pela agência de notícias iraniana Ilna, disse que Teerã está revisando a proposta dos Estados Unidos, França e Rússia para a troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear.

"Diferentes países contataram o Irã e nós estamos revisando suas ofertas", disse Salehi, segundo a Ilna.

Segundo Salehi, Teerã só aceitará encerrar o processo de enriquecimento de urânio de 3,5% a 20% em seu próprio solo se o P5+1 --os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha-- "concordarem com as condições do Irã de troca nuclear".

Salehi afirmou ainda à Ilna que a produção de urânio a 20% continua na planta de Natanz. "É um processo consistente que continua a fornecer combustível para o reator de pesquisas de Teerã".

"Produzir combustível a 20% está na agenda do Irã e seu primeiro processo de injeção de urânio a 3,5% foi finalizado em Natanz", completou.

Teerã anunciou na semana passada planos para produzir urânio enriquecido a 20% para seu reator e construir mais dez usinas nucleares em apenas um ano.

O urânio altamente enriquecido é suficiente para produzir isótopos médicos, mas pouco para os 90% necessários para uma bomba.

A produção, contudo, viola resoluções anteriores do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), rompe com a proposta de acordo das potências para o enriquecimento do material em solo estrangeiro e aumenta temores de que Teerã mantenha programa secreto de fabricação de armas --como reiteraram EUA e Israel após o anúncio.

O anúncio aumentou a pressão internacional por mais sanções contra o governo do Irã. Para que uma nova rodada de sanções seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU, os EUA têm que conseguir nove dos 15 votos do Conselho de Segurança e nenhum veto dos cinco membros permanentes --os próprios EUA, China, Rússia, Reino Unido e França.

A França deu apoio declarada ás sanções. A Alemanha também citou a ameaça de sanções, enquanto o Reino Unido disse que os novos planos do Irã violam resoluções da ONU e que está preocupado com o anúncio.

A Rússia ainda se mostra oficialmente reticente quanto a novas sanções, embora tenha mostrado abertura. Já a China defende firmemente a continuação do diálogo nuclear.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo que vai aproveitar viagem à Rússia para pressionar a relutante Moscou a apoiar projeto americano por sanções mais duras contra o programa nuclear do Irã.

Já a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, faz viagem de três dias ao Qatar e à Arábia Saudita para pressionar os países árabes a apoiar as sanções contra o Irã.

Fonte: Folha
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