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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Argentina pressiona R.Unido na ONU e aumenta tensão sobre Malvinas
O chanceler da Argentina, Jorge Taiana, propôs hoje ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a criação de uma mesa de negociação sobre a soberania das ilhas Malvinas, num momento de especial tensão nas relações com o Reino Unido.
"A Argentina está disposta ao diálogo e o Reino Unido se nega a sentar-se para dialogar e cumprir o mandato das Nações Unidas", disse Taiana na saída de uma reunião com o secretário-geral na sede da ONU.
O chanceler, que esteve acompanhado do embaixador argentino na ONU, Jorge Argüello, lamentou que Londres se negue a cumprir a obrigação de negociar sendo membro permanente do Conselho de Segurança.
Além disso, lembrou as resoluções da Assembleia Geral da ONU e de seu comitê de descolonização que exigem uma saída dialogada à disputa territorial.
Taiana assegurou que o secretário-geral "não está feliz em saber que a situação piorou" por causa das recentes tentativas britânicas de explorar reservas petrolíferas nas ilhas, enquanto ressaltou que Ban mostrou vontade de continuar as gestões.
"Temos que deixar que o secretário-geral continue com sua gestão de bons ofícios, que é uma gestão discreta", explicou.
O ministro das Relações Exteriores reiterou a determinação de Buenos Aires a usar todos os recursos diplomáticos e o direito internacional para proteger recursos que "pertencem aos argentinos".
Em entrevista coletiva antes da reunião, o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, assegurou a disposição do secretário-geral da ONU de escutar as exigências do Governo argentino.
"A ONU sempre está disposta a mediar, mas há uma condição, e é que para mediar deve haver duas ou mais partes. As duas partes devem querer, não só uma", acrescentou.
A tensão entre os dois países subiu nas últimas semanas após se tornar pública a intenção britânica de iniciar a prospecção de petróleo nas Malvinas, o que gerou uma irada resposta do Governo argentino.
Taiana foi às Nações Unidas após receber na terça-feira, numa reunião de líderes no México, o apoio dos 32 países da América Latina na disputa territorial.
O Reino Unido, que ocupa as Malvinas desde 1833, e a Argentina se enfrentaram em uma guerra pela soberania do arquipélago em 1982. No conflito, morreram 255 militares britânicos e mais de 650 argentinos.
Em outras ocasiões, Taiana denunciou no comitê de descolonização da ONU a aplicação "ilícita" do lado britânico de um regime de cotas dos recursos pesqueiros e o que considera uma "ilegítima" concessão de licenças para atividades relacionadas a hidrocarbonetos.
Fora isso, Buenos Aires levou no ano passado a uma comissão das Nações Unidas a reivindicação de uma vasta extensão oceânica, baseada na ampliação da plataforma territorial, que chega até a Antártida e inclui as Malvinas e outras ilhas governadas por Londres.
Apesar dos protestos argentinos, esta semana uma plataforma petrolífera britânica foi levada a um local a 100 quilômetros ao norte do arquipélago.
O Governo argentino considera que as operações violam a soberania sobre as Malvinas e as águas das imediações e impôs restrições aos navios que partem de terra firme para as ilhas.
As Malvinas podem ter o equivalente a 60 bilhões de barris de petróleo. As prospecções estão nas mãos da empresa britânica Desire Petroleum, que esta semana declarou à imprensa do Reino Unido que a Argentina também começou seu próprio programa de prospecção petrolífera perto das ilhas.
Para evitar a presença britânica na exploração petrolífera, a Argentina anunciou no domingo passado a implantação de controles para o tráfego marítimo com as ilhas.
Em uma aparente resposta, Londres pôs um submarino à disposição da defesa militar das ilhas, embora a embarcação ainda não tenha chegado à região, como informou hoje o diário britânico "The Times".
Ao fim do dia, o Governo britânico reafirmou o direito das autoridades das ilhas Malvinas de explorar os recursos petrolíferos.
"O Reino Unido não tem dúvidas sobre a soberania nas ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, situadas no sul do Atlântico", afirmou o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, em comunicado.
Fonte: EFE
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