sábado, 20 de fevereiro de 2010
Aiatolá Khamenei diz que Islã proíbe armas nucleares
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, respondeu hoje ao relatório que vazou, ontem, da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e que reforça suspeitas sobre a produção de armas nucleares no país muçulmano. Segundo Khamenei "as acusações do Ocidente não têm fundamento", pois o Islã proíbe "o uso desse tipo de armamento".
O anúncio foi feito no deque do primeiro destroier de fabricação iraniana capaz de lançar mísseis teleguiados. Khamenei está hierarquicamente acima do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e tem a palavra final sobre assuntos de segurança nacional. "Não acreditamos na bomba atômica e não vamos buscá-la", afirmou.
"Washington e o regime sionista estão tentando provocar divisões para que as nações islâmicas tirem a atenção dos grandes inimigos do mundo muçulmano: Estados Unidos e Israel", afirmou Khamenei.
A negociação entre o Irã e o chamado "sexteto" - as cinco potências com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Rússia, China, EUA, Reino Unido e França) e a Alemanha - entrou em um período crítico no início do mês, quando Teerã recusou a oferta para enviar urânio ao exterior em troca de combustível nuclear.
Há duas semanas, Ahmadinejad anunciou que seu país produziria, sozinho, urânio enriquecido a 20% e, dias depois, chegou a falar que o grau de processamento poderia chegar a 80%. O necessário para fabricar a bomba é 95%.
Preparado para a cúpula da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) do dia 1º, o relatório divulgado ontem teria reunido "vastas e confiáveis informações" acerca das "atividades nucleares sigilosas (do Irã) com objetivo de desenvolver uma carga nuclear para mísseis".
Hoje, França e Alemanha prometeram novas medidas para conter o avanço nuclear iraniano. "O relatório (da AIEA) confirma com precisão os temores muitos sérios da comunidade internacional", disse Bernard Valero, porta-voz da chancelaria francesa. As seguradoras alemãs Munich Re e Allianz decidiram suspender negócios no Irã após a publicação do documento.
Fonte: Estadão
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