quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Saab busca o apoio de empresários brasileiros para escolha do avião sueco


Os fabricantes do jato de caça apontado como preferido da Força Aérea Brasileira (FAB) esforçam-se, agora, para atrair as empresas nacionais, no esforço para ganhar a concorrência de fornecimento de aviões para o governo. Aproveitando o intervalo entre as festas de fim de ano e o Carnaval, um dos principais executivos da sueca Saab, o vice-presidente Bob Kemp, veio ao Brasil para apresentar a jornalistas e empresários as propostas e expectativas da empresa, na concorrência da FAB. "De importador de jatos militares, o Brasil pode se tornar exportador", insistiu Kemp.

Kemp e o diretor-geral da Saab no Brasil, Bengt Jáner, acreditam que o interesse dos empresários brasileiros é um fator que pesará na decisão do governo sobre a empresa vencedora da concorrência. A oferta do Gripen, além de ser a mais barata de todas, garantirá que sejam feitos no Brasil 40% do desenvolvimento do projeto e 80% da fabricação, informa Kemp. Hoje, Kemp deve ter encontro com empresários, na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Ao contrário dos concorrentes, o Gripen NG, ainda é um projeto, sem versão aprovada para voos, mas Kemp considera isso uma vantagem, por permitir maior participação do Brasil no desenvolvimento do jato. Ele apresenta a experiência de fabricação da Saab nas duas versões anteriores do Gripen para defender o projeto contra acusações de risco de atraso, levantadas pelos concorrentes. Ele nega que o projeto esteja fora do prazo e lembra que, na proposta sueca, a Saab assume todos os riscos de imprevistos, sem elevar o preço final.

"Os riscos serão nossos, e não do governo, o que é extremamente incomum", argumentou. Os executivos da Saab põem na mesa também argumentos para defender o Gripen NG como o mais adequado para a estratégia da política externa de cooperação com países emergentes e na América Latina.

Menor e mais barato, o Gripen seria o produto perfeito para venda a países de orçamentos menores, como as nações latino-americanas e africanas, diz Kemp, que garante estar em conversas com os governos mexicano e argentino sobre futuras vendas do avião a ser desenvolvido com o Brasil. "Nossas conversas com México e Argentina foram muito promissoras", afirma.

O projeto do Gripen inclui motor fabricado pela GE americana, por uma questão de preço, mas seria possível mudar o motor, se houvesse restrições ao uso, por parte do governo americano, garante o executivo.

Negociando também com a Índia, a Saab recebeu dos indianos uma demanda por desenvolvimento de versão voltada para uso em porta-aviões. É o tipo de projeto que poderia ser feito em conjunto com o Brasil, diz Kemp. "É um enorme mercado, não há aviões dessa geração com porte adequado para porta-aviões menores, só jatos maiores", afirma. Kemp diz já ter falado do assunto com a Marinha brasileira, que, no entanto, está dedicada a reformar os aviões existentes. "Mas temos de pensar no futuro, dez anos à frente."

Embalado pela preferência dos oficiais da Aeronáutica, Kemp diz que já está acostumado a longos prazos na negociação para compra de aeronaves, e considera normal que fatores políticos influenciem a decisão. Admite que espera influenciar a opinião pública em favor de sua oferta, ao procurar políticos e jornalistas, como vem fazendo. "Não é uma decisão partidária, não queremos que seja afetada pela política interna, mas temos uma boa mensagem e queremos que seja conhecida."

Até sindicalistas suecos buscaram organizações sindicais no Brasil para mostrar apoio ao projeto. Kemp, que critica os concorrentes por atacarem o Gripen, também critica o principal adversário, o Rafale francês. "Os sindicatos, na França, foram aos jornais para dizer que os empregos a serem gerados teriam de ser na França, não no Brasil. Nós não pensamos assim."


Fonte: Valor Econômico
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