quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Mais notícias sobre a catástrofe que atingiu o Haiti


O ministro do Exterior da França, Bernard Kouchner, disse nesta quarta-feira que teme que todas as pessoas que estavam no edifício da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti que foi destruído no terremoto desta terça-feira (12) tenham morrido.

"O prédio da ONU desabou, e parece que todos os que estavam lá dentro, incluindo meu amigo Heni Annabi, que era o enviado especial das Nações Unidas (...) estão mortos", disse Kouchner à rádio francesa RTL.


No entanto, ele afirmou que o presidente do Haiti, René Préval, conseguiu escapar do palácio presidencial, que também ruiu no terremoto em Porto Príncipe ontem. A própria ONU afirmou que as pessoas no prédio estavam desaparecidas.

Kouchner não especificou como obteve essa informação, embora tenha dito que falou com o embaixador da França no Haiti, que relatou caos e destruição na capital do país. "Certamente vou falar com o presidente Préval, cujo palácio desabou, mas que conseguiu sair. Vou falar com ele em breve", disse Kouchner à RTL.

Há relatos de casas que caíram de barrancos e de um hotel de luxo que teria desabado, soterrando 200 pessoas. Repórteres e testemunhas relatam grande destruição e cenas sangrentas na capital, Porto Príncipe.

Os embaixadores do Haiti no México e nos Estados Unidos informaram que o presidente René Préval está vivo, apesar do colapso do palácio presidencial.



Brasil

O Exército brasileiro divulgou na tarde desta quarta-feira um novo balanço no qual informa que onze militares brasileiros morreram no terremoto de sete graus de magnitude que devastou Porto Príncipe, a capital do Haiti, na véspera. Outros sete militares estão feridos e outros sete continuam desaparecidos, segundo comunicado do Exército. Há ainda mais uma vítima brasileira, a médica filantropa Zilda Arns.

Os militares mortos foram identificados como o 1º tenente Bruno Ribeiro Mário, o 2º Sargento Davi Ramos de Lima, o 2º Sargento Leonardo de Castro Carvalho, o cabo Douglas Pedrotti Neckel, o cabo Washington Luis de Souza Seraphin o soldado Tiago Anaya Detimermani, e o coronel Emílio Carlos Torres dos Santos, do Gabinete do Comandante do Exército, sediado em Brasília.

Há ainda as quatro vítimas já confirmadas mais cedo --o soldado Antonio José Anacleto, do 5º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lorena-SP, o cabo Arí Dirceu Fernandes Júnior e o soldado Kleber da Silva Santos, ambos do 2º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Santos (SP) e o subtenente Raniel Batista de Camargos, do 37º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lins (SP).

O Exército informou ainda que quatro militares que estavam no quartel das Forças de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, a Minustah, localizado no Hotel Cristopher, estão desaparecidos. Outros três militares estão sob os escombros do Ponto Forte 22, um sobrado de três andares, próximo ao bairro Cite Soleil, que desabou completamente.

Há ainda sete militares feridos que estão sendo tratados no Hospital da Minustah, gerenciado pelas forças argentinas da missão de paz.

Alguns militares brasileiros foram retirados para a vizinha República Dominicana.

O Brasil tem 1.266 militares na Força de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, a Minustah, dos quais 250 são da engenharia do Exército. Os militares já tiveram participação no socorro às vítimas dos furacões de 2004 e de 2008, que atingiram o Haiti.

A força foi trazida ao país depois de uma sangrenta rebelião em 2004, que seguiu décadas de violência e pobreza. A missão é liderada pelas tropas brasileiras.

A FAB (Força Aérea Brasileira) vai enviar ao Haiti oito aviões de transporte, três C-130 Hércules e um Boeing 707, que partirão do Rio de Janeiro, e quatro C-105 Amazonas, que partirão de Manaus para ajudar as vítimas do terremoto de 7 graus de magnitude que atingiu o país na noite de ontem.

A prioridade, segundo comunicado da Força Aérea, será o envio de água e de alimentos.

Ontem, um avião da FAB que transportava militares do próximo contingente para o Haiti não conseguiu pousar em Porto Príncipe (capital) tendo seguido para Santo Domingo (República Dominicana) e retornado a Boa Vista (capital do Estado de Roraima).

O Itamaraty, por sua vez, informou hoje que o governo brasileiro vai doar US$ 10 milhões [cerca de R$ 17 milhões] e 14 toneladas de alimentos para auxiliar o Haiti nos esforços de reconstrução.

Segundo a assessoria do Ministério da Defesa, o ministro Nelson Jobim e o embaixador brasileiro no Haiti, Igor Kipman que estava no Brasil, decolaram às 12h15 em um avião da FAB de Brasília diretamente para Porto Príncipe.

O Itamaraty informou ainda que a Embaixada do Brasil em Porto Príncipe nao ruiu, como foi informado anteriormente, na verdade o prédio sofreu rachaduras mas continua de pé. Os funcionários da embaixada trabalham em outro local, próximo do prédio oficial.



Mais vítimas

A lista de vítimas brasileiras inclui ainda a fundadora da Pastoral da Criança Zilda Arns. Ela estava no Haiti para uma missão humanitária e morreu durante o terremoto.

Médica pediatra e sanitarista, Arns, 75, fundou e coordena a Pastoral da Criança no Brasil, órgão de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

Três soldados jordanianos da missão de paz da ONU também morreram no terremoto e outros 21 ficaram feridos.

Eles foram identificados por uma fonte militar, citada pela agência de notícias France Presse, como os majores Atta Issa Hussein e Ashraf Ali Jayus e o cabo Raed Faraj Kal-Khawaldeh. A mesma fonte afirmou que nenhum dos 21 feridos corre risco de morte.

A imprensa estatal chinesa informou que pelo menos oito soldados chineses foram soterrados, e que outros dez estão desaparecidos.

A Cruz Vermelha anunciou ainda, em comunicado, que 59 de seus funcionários locais ainda estão desaparecidos. Os nove funcionários internacionais do grupo estão seguros.

Jornalistas da agência Associated Press descrevem danos graves e generalizados pelas ruas, onde sangue e corpos podem ser vistos. Segundo a agência, dezenas de milhares de pessoas estão desabrigadas. A rede de TV CNN informou que possui imagens de mortos pelas ruas da capital haitiana, mas que são muito fortes para exibição.


Itamaraty

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "absolutamente chocado" com a tragédia no Haiti, em especial com a morte de Arns. "O presidente lamentou muitíssimo, ela é uma pessoa de grande projeção no país, que está lá fazendo obra de assistência humana de grande importância. É uma grande tragédia, é absolutamente lamentável", disse o ministro.

Lula determinou que o governo tome as providências necessárias para ajudar o país, assim como no resgate de brasileiros e haitianos mortos e feridos na tragédia. O Brasil tem 1.266 militares na Força de Paz da ONU (Organização das Nações Unidas), a Minustah, no Haiti, dos quais 250 são da engenharia do Exército.

O Brasil vai doar entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões para o governo haitiano para que o país possa se reconstruir da tragédia. Um técnico do Ministério da Saúde e outro da Defesa Civil vão ao Haiti no avião da FAB para ajudar no resgate de brasileiros e haitianos.


Informações

O Ministério das Relações Exteriores montou um gabinete de crise para monitorar a tragédia no Haiti. Segundo Amorim, o governo busca informações sobre os brasileiros que estavam no país, mas encontra dificuldades diante da limitação na comunicação com o país.

O Itamaraty vai reforçar os trabalhos na Embaixada da República Dominicana, para onde espera levar brasileiros feridos no terremoto do Haiti. "Vamos reforçar embaixada na República Dominicana. Certamente haverá feridos. É através da República Dominicana que poderão ser atendidos", disse Amorim.

Os seguintes telefones foram abertos pelo Itamaraty para atender vítimas do terremoto: 61 3411-8803/ 61 3411-8805 / 61 3411-8808 / 61 3411-8817 / 61 3411-9718 ou 61 8197-2284.



Fonte: Folha / Reuters
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