quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

EUA não têm força para tirar governo interino de Honduras, diz Zelaya


O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse nesta quarta-feira que os Estados Unidos "não têm a força" necessária para tirar do cargo o presidente interino, Roberto Micheletti. "Vemos que os Estados Unidos estão pedindo a saída do senhor Micheletti, mas não têm a força para executar essa resolução", disse Zelaya à emissora local Rádio Globo.

"Os EUA lutam para que Micheletti saia da Presidência antes da posse [do eleito, Porfirio Lobo, em 27 de janeiro]. No entanto, ele se negou e afirmou que já está subido no cavalo, com as esporas postas e com o freio, e que dali ninguém absolutamente o tira."

Para ilustrar sua visão sobre a situação, Zelaya usou um ditado: cria corvos e te arrancarão os olhos.

As declarações respondem às afirmações feitas instantes antes por Lobo, que depois de reunir-se ontem com o subsecretário de Estado adjunto para o Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, Craig Kelly, disse que os EUA querem que Micheletti deixe a Presidência hondurenha até 15 de janeiro que vem.

Micheletti, porém, disse ao Canal 5 que não renunciará porque "não há argumento legal para fazê-lo", já que o Congresso Nacional o designou para ficar no cargo até 27 de janeiro. "Não vou mudar para que venha alguém aqui nos pressionar", disse o presidente interino, que se limitará a não ir à posse de Lobo, que assistirá pela TV.

Zelaya disse que "apesar das boas intenções dos EUA desde o início, eles mesmos, em sua democracia, em seus conflitos internos, terminaram vencidos". Para o hondurenho, os EUA não conseguiram "se ajustar ao processo que tinha determinado a Organização dos Estados Americanos [OEA] e as Nações Unidas", que era o de restituí-lo à Presidência.

Sobre o encontro que manteve ontem com Kelly, reiterou que "o processo de reuniões foi em relação a todo o conflito". "O senhor Kelly veio diversas vezes" e "praticamente ele ficou encarregado de manter a comunicação de Honduras com o Departamento de Estado" sobre a crise. Afirmou que "não há solução porque erros foram cometidos no caminho".

Nesse sentido, Zelaya disse que "o processo eleitoral não fortaleceu Porfirio Lobo [o eleito] como se acreditava, mas fortaleceu Micheletti, fortaleceu os que deram o golpe de Estado" apesar de que, segundo ele, houve "baixa participação e repressão".


Presidente interino de Honduras descarta renúncia

O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, disse nesta quarta-feira que não cederá às novas pressões dos Estados Unidos para renunciar antes de 27 de janeiro, quando o candidato eleito em novembro passado, Porfirio Lobo, deverá tomar posse.

Micheletti, que assumiu o poder em 28 de junho, após o golpe militar contra o presidente, Manuel Zelaya, resistiu às pressões para abandonar o posto, uma das condições para que o empobrecido país volte a receber a ajuda internacional vital. "A sucessão constitucional diz que tenho que estar no poder até 27 de janeiro. Não vou sair se não houver um ato legal que me permita fazê-lo", disse Micheletti em declarações à TV.

"Eu não vou mudar porque vieram aqui me pressionar", afirmou o presidente interino pouco antes de se reunir com o número dois da diplomacia americana para a Américas, Craig Kelly.

Kelly, que já esteve envolvido nas negociações em Honduras, se reuniu na terça-feira com Zelaya e Lobo e se encontraria com Micheletti nesta quarta-feira para tentar reativar o Acordo San José-Tegucigalpa, que prevê a criação de um governo de unidade nacional e a renúncia do presidente interino.

Os EUA querem que Micheletti renuncie antes de 15 de janeiro para que seja formado o governo de unidade, o que permitiria a retomada das relações internacionais e a normalização da ajuda internacional suspensa após o golpe.

Lobo disse que os EUA "defendem que se cumpra o acordo San José-Tegucigalpa em sua totalidade". "Eles estão com sua posição de que não deve haver nem vencedores nem vencidos para que o novo governo inicie uma relação internacional reconstruída", disse.

Zelaya foi deposto e expulso do país por militares quando tentava fazer um referendo que abriria caminho para sua reeleição presidencial e que já havia sido proibido pela Justiça. Em meio à crise, em setembro, Zelaya voltou clandestinamente ao país e, desde então, continua abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa.

O Brasil e outros países da América Latina não reconheceram as eleições do fim do ano passado, quando Lobo foi eleito, por terem sido organizadas por um governo de facto. Há uma ordem de prisão decretada contra Zelaya caso deixe a representação diplomática.

Fonte: EFE / Reuters
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