domingo, 17 de janeiro de 2010
A Arte da Guerra - Parte II
Continuando nossa série especial "A Arte da Guerra", vamos conhecer neste segundo capítulo um pouco sobre o gerenciamento da guerra, um fator importantíssimo para qualquer estratégia bem sucedida.
Capítulo II - Gerenciamento da Guerra
Sun Tzu disse:
"Quando você enviar as tropas para uma batalha, você deverá considerar que necessitará de mil carruagens velozes de guerra e mil carruagens pesadas de guerra, além de cem mil soldados.
Você necessitará de muitas provisões para esta força cobrir uma distância de mil li (mil li = 100 km). Você gastará, também, mil barras de ouro por dia para a despesa do Estado e no campo de batalha, incluindo enviados ao exterior e conselheiros; materiais como cola e laca, carruagens e armaduras.
Depois que você tiver bastante dinheiro, seus cem mil corajosos guerreiros poderão sair para batalhar."
Quando um Estado toma por decisão enviar suas tropas´, este deve considerar primeiramente os custos de sua campanha. Como Sun Tzu bem disse, deve-se considerar os meios necessários e o contingente para levar a missão a cabo, pois a preparação da guerra é tão importante ou até mais importante do que a guerra em si. Ele aborda aqui no inicio deste capítulo a importancia de gerenciar os recursos.
Como exemplo Sun Tzu cita um contngente médio que era o padrão na época em que viveu, onde havia uma proporcionalidade nos meios. Hoje ainda é possivel antever as despesas e meios necessários, mas isso depende muito de que as estimativas, como abordamos no primeiro capítulo, estejam o mais exatas possivel. Além de termos que ter em mente que a guerra não é uma fórmula exata, ela muda com seu desenrolar, para tanto devemos prever um gasto adicional e constar que o Estado possua condição de manter os recursos necessários para manter a campanha, pois caso contrário é melhor nem entrar nela.
CAMPANHA PROLONGADA
Uma campanha prolongada é igual a recursos ingerência tem como resultado os seguintes fatores: Prosseguimento das ações, Provisões insuficientes, Tropas desmoralizadas, Forças esgotadas, Ataque dos estados vizinhos ou insurgência.
Toda operação militar deve buscar a vitória e os resultados esperados o mais rápido possível, sendo a demora um fator que pode conduzir ao fracasso total de suas ações e desmoralização do seu Estado.
Como disse Sun Tzu:
"Com o prosseguimento das ações as armas ficarão desgastadas, as provisões insuficientes e as tropas desmoralizadas. Uma batalha longa entorpece o exército, umedece o espírito e o entusiasmo dos soldados. Se você sitiar uma cidade fortificada, terá suas forças esgotadas. Se o seu exército for mantido muito tempo em campanha, as reservas do Estado serão insuficientes.
E depois, quando você tiver com suas forças desgastadas, com suas provisões insuficientes, com suas tropas desmoralizadas e com seus recursos exauridos, os governantes vizinhos tirarão proveito desta situação e obterão vantagens para atacá-lo. E você, neste caso, mesmo contando com os mais ilustres e sábios conselheiros não conseguirá garantir um bom resultado na batalha."
Uma ocupação ou campanha de estabilização, como vemos hoje no Afeganistão e Iraque, deve ter bem em mente estes princípios, e como nós podemos observar, ainda são válidos.
Basta observarmos a crescente ação da insurgência no Afeganistão, onde a demanda por tropas aumentou, assim como o desgaste dos equipamentos e soldados. A vitória a cada dia se distancia mais naquele cenário, o que começa a criar dúvida na cabeça de seus soldados sobre as estratégias de seus generais e mesmo a política de seu Estado.
A história mostra bem como uma guerra prolongada geralmente devasta tanto o "vitorioso" como também pode conduzi-lo a uma posterior derrota. Isso ficou bem claro ao analisarmos a Primeira e a Segunda Guerra mundial.
Embora já tenhamos ouvido falar de campanhas precipitadas e imprudentes, nós nunca tivemos um exemplo de benefício no prolongamento das hostilidades, tampouco, ouvimos que uma guerra demorada pudesse beneficiar um país.
É óbvio que aquele que não compreende os perigos inerentes das operações militares não está profundamente consciente da maneira de como tirar proveito disto.
"Um comandante que domina a arte da guerra não convoca suas forças mais de uma vez, nem solicita provisões repetidamente. Ele conduz o material e as provisões necessárias e faz uso das provisões do inimigo. Assim, ele terá o necessário para alimentar o seu exército."
CUSTOS DA GUERRA
"Geralmente, o Estado fica empobrecido quando envia suas tropas para empreender uma guerra em local distante. Manter um exército a uma longa distância empobrece o povo.
Onde este exército, que está longe de sua terra, estiver estacionado, os preços de artigos subirão; e o preço alto esgotará os recursos financeiros do Estado.
Quando os recursos do Estado estiverem se exaurindo, os impostos tenderão a aumentar para sustentar este exército que luta longe de sua terra.
Toda a força do estado será consumida no campo de batalha. Ao final, setenta por cento da riqueza das pessoas será consumida e sessenta por cento da renda do Estado será dissipada, com carruagens quebradas, cavalos fora de combate, armas danificadas, inclusive armaduras e elmos, arcos e flechas, lanças e escudos, rebanhos, carroças de provisões."
O Estado que não considera os altos custos de operações militares, pode não só perder a guerra, mas ver-se mergulhado num caos econômico, pois a guerra consome rapidamente os recursos do Estado. Podemos visualizar bem os custos de uma batalha se olharmos o quanto o governo dos EUA destina a suas tropas no Oriente Médio. São bilhões de dólares, e que com o agravamento dos conflitos que não tem ainda uma previsão de término, a menos que o mesmo aceite que não haverá chances de conseguir alcançar seus objetivos e retire suas tropas, as necessidades de recursos financeiros tende a aumentar drásticamente, o que pode pôr em risco o Estado.
Analisemos a quantidade de veículos blindados que tem de ser constantemente enviado ao Afeganistão para substituir unidades que foram retiradas de operação, é um custo elevado, somado a isto anda há o custo com o tratamento de soldados feridos, a indenização á familias de soldados que tombaram em campanha, o custo da logística para levar os meios e recursos de solo americano até aquele país remoto. É um custo que atualmente só os EUA pode arcar,e mesmo assim pode futuramente causar uma queda em suas capacidades, pois os recursos são findáveis.
Segundo Sun Tzu, um chefe sábio deve se esforçar para obter as provisões no solo inimigo. O consumo de um zhong de comida do inimigo é equivalente a vinte zhong da própria terra; e o consumo de um dan de forragem do inimigo equivale a vinte dan dos seus.
ADMINISTRAÇÃO DA TROPA, DESPOJOS E BENS CAPTURADOS
"Se você quer matar o inimigo, você tem que despertar o ódio de seus soldados; se você quer obter a riqueza do inimigo, você tem que saber administrar a distribuição dos despojos.
Se seu exército captura dez carruagens em uma batalha, você tem que recompensar o primeiro que levou-lhe a carruagem do inimigo.
Substitua as bandeiras e estandartes do inimigo por suas próprias bandeiras e misture as carruagens capturadas com as suas.
Ao mesmo tempo, você deverá tratar bem os soldados aprisionados."
As operações militares devem ser conduzidas para uma vitória rápida e não com campanhas prolongadas.
Então, o chefe que está versado na arte de guerra, torna-se o senhor para determinar o destino das pessoas e controlar a segurança da nação.
Neste segundo capítulo apreciamos a necessidade de se conduzir a gestão de uma campanha, pois como ficou claro neste capítulo e com tudo que podemos aprender ao analisar conflitos atuais, como a 2ª Guerra ou mesmo a Guerra Fria, onde esta claro que a administração dos recursos pode levar um Estado a vitória ou a derrota até mesmo antes de se entrar numa batalha propriamente dita, basta lembrar o caso da URSS que ao não dar atenção á estes ensinamentos viu sua economia dobrar os joelhos e derrubar seu império.
Ao leitor estimo que tenha sido de proveito este segundo capítulo, e espero que continue acompanhando esta série, e mesmo levando a outros este conhecimento tão importante não só na condução de meios militares, mas também podem ser consideradas lições aplicáveis à nossas vidas seculares.
Aguarde o próximo capítulo de " A Arte da Guerra"
Lembrando que para ter acesso ao primeiro capítulo e a introdução, basta o leitor clicar na frase: A Arte da Guerra, que se encontra nos marcadores após o termino do artigo.
Angelo D. Nicolaci
editor
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Angelo,
ResponderExcluira primeira parte foi de ordem mais moral, e essa parte agora, de natureza mais prática...não é isso?
Bem interessante.
Continuarei acompanhando.
abração
ps. Todos os Blogs agora estão linkados. Bem legal!
Otimo material, estamos progredindo.
ResponderExcluirAbçs, valeu pelos links.
Nào consigo abrir os links no "amplie conhecimento", ajuda!!
ResponderExcluiròtima abordagem Angelo.
ResponderExcluirParabéns.
Obrigado pessoal,
ResponderExcluirEu estou procurando abordar de maneira bem simples e com o máximo de colocação destes ensinamentos em comparação com exemplos atuais.
Hornet meu grande amigo é isso mesmo.
Francoorp vou verificar oq aconteceu.
Abraços pessoal
Mais um excelente artigo!!!
ResponderExcluirComo bem dito pelo amigo Hornet este mais prático...
Um grande abraço amigão...