quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Dreamliner decola e impõe novos desafios à Boeing
O 787 Dreamliner da Boeing Co. fez ontem seu primeiro voo, o que representou um sucesso para a empresa depois de dois anos de atrasos, mas também deu início a um esforço desafiador para a produção de grandes volumes do moderno jato.
Milhares de espectadores que se reuniram sob o céu nublado do Paine Field, nesta cidade nos arredores de Seattle, aplaudiram quando o jato azul e branco decolou para um voo inaugural de quatro horas. "É fantástico finalmente colocar o avião no ar", disse o diretor-presidente da Boeing, James McNerney, logo depois da decolagem.
Mas os repetidos reveses deixaram a empresa numa situação delicada: ela precisa agora transformar rapidamente um protótipo de última geração num produto capaz de dar lucro em grande escala.
"Aumentar a produção será certamente um desafio", disse McNerney. A Boeing espera produzir sete Dreamliners por mês em 2011, aumentando para dez mensais em 2013.
A capacidade da empresa em alcançar essa meta terá um enorme impacto sobre a indústria da aviação comercial no mundo. Os mais de 300 fornecedores internacionais do Dreamliner não vão recuperar totalmente seu dinheiro até que os aviões sejam entregues aos clientes. Muitos fornecedores já foram apertados pelos atrasos passados. E as companhias aéreas e empresas de leasing, que encomendaram 865 dos jatos, contam com que a Boeing cumpra sua nova meta de produção para que possam começar a planejar rotas e serviço.
Os atrasos já causaram prejuízos à Boeing, a maior exportadora dos Estados Unidos e há muito um símbolo da capacidade de engenharia americana. A empresa, que tem sede em Chicago, registrou perda de US$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre, depois de ter contabilizado uma baixa de US$ 3,5 bilhões atribuída a problemas com o Dreamliner e outro programa de desenvolvimento de um jato. O não cumprimento das datas de entrega provocou pagamentos de milhões em multas e feriu a credibilidade da empresa com clientes e investidores.
A Boeing apostou muito de seu futuro no jato. É o primeiro a ser construído com material compósito de fibra de carbono, que é forte mas leve. A empresa promete que isso tornará o Dreamliner mais econômico em consumo de combustível e mais durável que os modelos atuais. Essa perspectiva foi bem recebida pelos clientes, que fizeram mais encomendas do jato antes de seu primeiro voo que para qualquer outro avião na história.
A ação da empresa subiu 88% desde março, em parte com base nas esperanças dos investidores com o sucesso do primeiro voo do avião. Ontem, a ação da Boeing caiu 0,68%, para US$ 55,67, na Bolsa de Nova York.
Por qualquer medida, a nova meta da Boeing, de produzir dez jatos por mês, é ambiciosa. Depois de 14 anos produzindo o 777, um modelo maior, em alumínio, a Boeing finalmente está prestes a ultrapassar o limite de apenas sete desses aviões entregues por mês. Além disso, com o 787 é a primeira vez que a Boeing está tentando fabricar uma aeronave feita principalmente de material compósito.
A novidade de trabalhar com material compósito já provocou problemas. Em junho, a Boeing adiou abruptamente o que deveria ser o primeiro voo do jato, revelando que compósitos em torno do ponto em que as asas se unem à fuselagem principal estavam danificados. Ela precisou de quase seis meses para consertar o problema.
A rival europeia da Boeing, a Airbus, também enfrentou problemas industriais quando estava tentando lançar seu superjumbo A380. "Voar foi a parte mais simples", disse o diretor-presidente da Airbus, Tom Enders, sobre o A380. "A parte difícil foi a complexidade da industrialização."
A Airbus, uma subsidiária da European Aeronautic Defence & Space Co., enfrentou mais de quatro anos de atrasos do superjumbo porque seus sistemas de produção não eram robustos o bastante para atender às pesadas exigências industriais do jato de dois andares. Dois anos depois que as entregas do A380 começaram, diretores da Airbus dizem que os custos de produção do avião ainda superam seu preço de venda.
Fonte: Valor Econômico
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