sábado, 19 de dezembro de 2009
Chávez diz que não assina documento feito "pelas costas" em Copenhague
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou hoje em Copenhague que seu país "não assinará" documento que resultar da conferência da ONU sobre o clima porque teria sido combinado "à noite" e "pelas costas" da maioria dos países.
Chávez discursou na sessão de alto nível da cúpula e disse representar a postura de Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua e Equador, entre outros.
O presidente venezuelano sustentou que não assinará nenhum documento que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que chegou hoje a Copenhague para participar do último dia da cúpula,
"tenha introduzido na conferência por baixo da porta" e afirmou que a cúpula terminará "sem nenhum acordo" e "sem glória".
"É o império, o império que chega à meia-noite, e que, na escuridão, às costas da maioria, de maneira antidemocrática, pretende cozinhar um documento que nós não aceitamos, nem aceitaremos", acrescentou, referindo-se às discussões de um grupo de 30 chefes de Estado, aos quais Obama se somou nesta sexta-feira, depois de chegar à capital dinamarquesa.
Durante a madrugada de hoje, 25 países trabalharam em um texto com o objetivo de que os mais de 100 de chefes de Estado e de governo reunidos em Copenhague pudessem fechar hoje um acordo de redução de emissões.
"Ninguém nos convidou para essa reunião de ontem à noite. Sequer se dirigiram a nós para perguntar qual era nossa postura", lamentou o venezuelano.
Enxofre
Chávez também disse que, sob a presidência de Barack Obama, os Estados Unidos continuam "cheirando a enxofre", como na época de [George W. ] Bush.
"Mas o cheiro do enxofre continua a ser sentido aqui, pelo mundo", afirmou o venezuelano, aludindo a um comentário que fez na Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006, em referência ao então presidente George W. Bush.
"Obama veio, falou e saiu pela porta dos fundos", afirmou Chávez. "Assim é como o império ianque abandonará o mundo, pela porta dos fundos", acrescentou.
"Não podemos esperar mais. Vamos embora sabendo que não foi possível fechar um acordo em Copenhague", afirmou Chávez, que culpou a "falta de vontade política dos países mais poderosos" e a "postura egoísta dos ricos" pelo fracasso da conferência.
Chávez se queixou da "falta de transparência" dos processos adotados em Copenhague que, segundo ele, favoreceram um pequeno grupo de países no momento de acordar documentos e deixaram a grande maioria de fora do diálogo.
Para o presidente venezuelano, adotar um documento que não foi acordado pelos 192 membros da Convenção da ONU sobre a Mudança Climática seria "fraudulento".
Chávez descreveu Obama como "Prêmio Nobel da Guerra", em alusão ao Prêmio Nobel da Paz que o americano recebeu há poucos dias, e afirmou que o governante dos EUA é "a maior frustração de muita gente de todo o mundo que acreditou nele".
O venezuelano pediu que Washington se junte ao Protocolo de Kyoto e assine acordos com valor jurídico para a redução de emissões em escala internacional.
Chávez culpou novamente o capitalismo como responsável da mudança climática, como já fez em seus outros discursos na cúpula. É um sistema que, segundo afirmou, "é o caminho para destruição do planeta" e acrescentou que o mundo só se salvará quando os "países ricos abandonarem seu egoísmo".
Fonte: Folha
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