quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Conhecendo a Geopolítica
Hoje muitas pessoas se perguntam qual o significado de Geopolítica e qual a diferença dela para política.
Neste artigo vamos mostrar os aspectos que caracterizam a geopolítica e como a política, estratégia e doutrinas militares estão interligadas e dependem uma da outra. Trazendo um conteúdo importante para quem cursa Relações Internacionais, Ciências políticas ou Sociais.
Política
A ciência política estuda o Estado e as suas relações com os grupos humanos. Estuda, ainda, os agentes políticos internos que lutam pela conquista, aquisição e pelo exercício do poder.
Aristóteles é considerado o pai da Ciência Política, na Grécia Antiga estudou as estruturas e instituições da pólis. Preocupava-se com um governo capaz de garantir o bem-estar geral.
Maquiavel no século XVI com seus escritos dá origem à modernidade política, preocupava-se na criação de um governo que unificasse e acabasse com a influência da Igreja na Itália. A política, era assim a arte de governar, ou seja, uma técnica que permitisse ao dirigente ou governante alcançar os fins independentemente dos meios, não visando a realização geral mas sim pessoal.
Na metade do século XVI, Jean Bodin escreve "República", obra que sistematizava e explicava os fenômenos políticos e a idéia de soberania do Estado, segundo o qual, o poder não tem igual na ordem interna e nem superior na ordem externa, para Bodin um Estado só é soberano, se for superior nestas duas dimensões.
Montesquieu difunde idéias políticas, no século XVIII, com base na ação humana, faz a distinção entre república, monarquia e despotismo, afirmando que este último deveria ser erradicado através da separação de poderes, de forma que o poder seja descentralizado das mãos de uma só pessoa para que não o use em proveito próprio. Resolvia-se então o perigo do despotismo com a institucionalização da separação de poderes.
No final do século XIX a Ciência Política é reconhecida nas universidades americanas, como forma de combater o caciquismo no poder local e a corrupção nos partidos políticos.
Só após a Segunda Guerra Mundial, a Ciência Política volta a ganhar relevo e a se tornar uma disciplina autônoma nos quadros das universidades européias. Além disso ganha força a análise de sistemas eleitorais, e também do comportamento do eleitorado.
A essência da política está na tensão entre suficiência e insuficiência, o reconhecimento da permanência do conflito. Podemos dizer que equilíbrio e desequilíbrio são os pontos essenciais, visto que são o substrato de todo conflito humano. "Política é tão excitante quanto a guerra e tão perigoso quanto. Na guerra só se morre uma vez, enquanto que na política morre-se muitas vezes." Sir Winston Churchill
Clausewitz afirma repetidas vezes que "a guerra nada mais é do que a continuação da política através de outros meios".
Estratégia
Estratégia pode ser definida como você posiciona e aloca seus recursos para maximizar seus pontos fortes e minimizar seus pontos fracos. Trata-se de uma concepção, um caminho para a vitória, confunde-se com a tática que é a ferramenta para implementá-la, o meio condutor.
Pode-se afirmar que a estratégia permeia todos os segmentos da sociedade organizada, transcendendo em muito o foco central de ações e ênfases militares e atingindo a política, a ação governamental, o plano institucional e o universo empresarial. A transferência de experiências de estratégia militar e governamental para o setor empresarial, e vice-versa, é algo cada vez mais presente nos processos de gestão.
Militantes políticos necessitam pensar e agir estrategicamente. A mensagem é o meio pelo qual os eleitores irão tomar conhecimento das idéias do seu candidato e muito provavelmente votar nele e não em seu oponente. Como e quando passar esta mensagem? Como e quando mobilizar seus recursos materiais e humanos? Esses questionamentos constituem-se no plano de campanha adequando-se a qualquer tipo, sejam de âmbito nacional, estadual ou municipal.
Em sua campanha para reeleição em 1996, Bill Clinton adotou uma estratégia onde realçava as diferenças entre o ideário Democrata e o Republicano de modo a mobilizar suas bases, privilegiando dessa maneira seus pontos fortes. Por outro lado, minimizou as diferenças entre o ideário Republicano e o Democrata, mostrando os pontos comuns, de forma a cooptar eleitores republicanos.
A estratégia convive com a inteligência da humanidade há centenas de séculos. Trabalhos de Sun Tzu (A Arte da Guerra), Maquiavel (O Príncipe), Myamoto Musashi (O livro dos Cinco Anéis) e Klaus von Clausewitz (Da Guerra) constituem-se em destacados exemplos dessa preocupação fundamental. Tais obras têm se tornado leituras atuais, confirmando a modernidade dos autores, suas obras e a perenização do interesse pelo tema. Esses tratados, apesar de versarem sobre a arte bélica, são largamente consultados nos mais diversos segmentos quer no mundo dos negócios, na política, no esporte, onde há necessidade de mobilizar de forma eficaz os mais diversos recursos técnicos, humanos e financeiros. É justamente aí que a habilidade estratégica se impõe, e sob esse aspecto, eles se mostram auxiliares preciosos nessa tarefa que têm hoje um papel preponderante em um universo competitivo.
Para o Professor John J. Pitney Jr do Claremont McKenna College "O mundo político fala através de idiomas militares, isso porquê se adequam perfeitamente às peculiaridades do meio político".
Política e guerra seguem os mesmos princípios e possuem o mesmo objetivo, subjugar o oponente. Se a guerra se integra na política, esta deve naturalmente apresentar características dela recebidas. Na política as batalhas são travadas pela mente do eleitor. O consultor político Thomas Sweitzer explanou em seu artigo "Kill or be killed – political campaign strategies" como os princípios da estratégia militar podem ser aplicados no campo da batalha política.
Princípios da Estratégia Militar
Princípios são elementos básicos, ainda que não escritos condicionam e orientam. Suas aplicações são mais arte que ciência. É arte, pois resulta da criatividade, raciocínio flexível e audácia, e ciência na medida que pode ser dimensionado e estudado. Uma campanha política é um ofício, que se vale tanto da ciência quanto da arte.
Segundo a Doutrina Básica da FAB os princípios da guerra são Massa, Objetivo, Ofensiva, Simplicidade, Economia de Forças, Manobra, Unidade de Comando, Surpresa e Segurança, podendo ser memorizado através do acrônimo: MOOSEMUSS. Não se deve levar em conta todos os princípios, simultaneamente, uma vez que existem interações entre eles.
Teoria dos Jogos
Pode ser definida como o estudo de decisões interativas, no sentido de que aqueles que tomam as decisões são afetados tanto pelas suas próprias escolhas quanto pelas decisões dos outros. Trata-se de análise matemática, de uma situação qualquer que envolva um conflito de interesses, com o intento de indicar as melhores opções que, sob determinadas condições, conduzirão ao objetivo desejado.
Os primeiros textos sobre a Teoria dos Jogos foram criados pelo matemático francês Émile Borel, que lançou as raízes desse estudo. Entretanto, foi o matemático americano John Von Neumann e o austríaco Oskar Morgenstern aqueles que conceberam, por volta da década de 20, uma teoria matemática (The Theory of Games and Economic Behavior).
Pesquisadores de estratégia têm procurado tirar proveito da teoria dos jogos, pois ela provê critérios valiosos quando lida com situações que permitem perguntas simples, apesar de não fornecer respostas positivas ou negativas, ajuda a examinar de forma sistemática várias permutações e combinações de condições que alteram a situação. A análise delas envolve diversos elementos e para cada um deles um conjunto possível de estratégias.
O dia–a–dia de uma campanha e seus aspectos são geralmente analisados pela teoria, tomando por base - as estratégias adotadas e suas conseqüências, as alianças possíveis entre os indivíduos ("jogadores"), o compromisso dos contratos, inclusive aqueles não formalizados (tácitos), e a repetição de cada jogada, entre outras análises possíveis. Os indivíduos devem ter consciência que suas ações afetam uns aos outros.
A corrida pela manutenção e conquista do poder funciona como um jogo gigantesco de várias arenas, onde os partidos políticos e seus candidatos devem agir com fins de vencer o pleito e tomar posse dos cargos almejados para que assim possam executar seus programas. Aquele candidato que esquecer ou deixar de observar essas orientações, pode ter problemas na consecução dos meios para atingir seus fins.
No Apêndice B procuraremos analisar, sob a ótica da teoria dos jogos, estratégias adotadas em fatos políticos recentes.
CONCLUSÃO
Um dos fatores que diferenciam os países reside na capacidade de construir e executar um elenco bem ajustado de estratégias competentes. Conceber uma boa estratégia é fundamental para se "fazer o bom combate" quer seja na gestão de um país, de um setor de empresas, de regiões ou em campanhas eleitorais de maneira geral. Uma campanha eleitoral exitosa resulta de uma inteligente combinação de ações estratégicas e operacionais que interagem permanentemente.
Assim podemos conhecer como funciona a Geopolítica, que é a soma de diversos fatores, sendo muito importante sua compreenssão para se ter uma visão ampla e clara do cenário mundial.
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