quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Com Ahmadinejad, Chávez diz que Lula fez Brasil deixar de ser "subimpério"


O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse nesta quarta-feira em Caracas que o Brasil deixou de ser "uma espécie de subimpério ajoelhado ao império ianque" depois da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder.

A afirmação de Chávez foi feita no palácio presidencial de Miraflores, durante visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que passou pelo Brasil na segunda-feira e foi recebido hoje pelo governante da Venezuela.

"O Brasil não é mais o que era, uma espécie de subimpério ajoelhado ao império ianque, até que chegou Lula, o companheiro, impulsionado pelos trabalhadores, pelos camponeses, pelos jovens, pelo povo deste grande nação que é Brasil", disse Chávez.

O presidente venezuelano também disse que a Bolívia, por onde Ahmadinejad passou na terça-feira, era "uma colônia ianque até que brotou da terra o povo boliviano", da mesma forma que a Venezuela, "como foi o Irã, durante muito tempo".

"Somos livres" agora, sentenciou Chávez, antes de ressaltar que "apenas um continente livre pode receber-te [Ahmadinejad] como recebe".

Na segunda-feira, o presidente Lula se reuniu com Ahmadinejad em Brasília. No dia seguinte, foi a vez de o presidente boliviano, Evo Morales, receber o iraniano.

Durante a cerimônia de recepção no palácio, Chávez e Ahmadinejad, que desenvolveram uma estreita relação política nos últimos anos, cumprimentaram-se com um forte abraço, antes das honrarias militares e trocaram elogios.

"Com estas duas bandeiras hasteadas, a do Irã e a da Venezuela, símbolos livres de países livres, bandeiras revolucionárias [...], estamos aqui para dar as boas-vindas ao irmão Mahmud Ahmadinejad", disse Chávez no pátio de Miraflores. "Eu o chamaria até de gladiador das lutas anti-imperialistas, exemplo de firmeza, de constância, de batalha pela liberdade de seu povo, pela grandeza da pátria persa, da pátria iraniana. A pátria de Bolívar dá-lhe as boas-vindas."

Em seu discurso, o presidente iraniano demonstrou satisfação por ter a oportunidade de estar com seu "irmão muito valente, o presidente Chávez, um irmão que está resistindo como uma montanha às pressões do imperialismo e do colonialismo", e disse seus países "ficarão juntos até o final".

"Hoje, os povos venezuelano e iraniano, dois irmãos e amigos na trincheira da luta contra o imperialismo, estão resistindo", declarou o líder iraniano após ser recebido por Chávez.

"O papel de Hugo Chávez neste segundo despertar dos povos latino-americanos é admirável. É um grande homem revolucionário. Eu sou seu irmão e seu amigo, e para mim é uma honra. Vamos ficar juntos até o final", acrescentou Ahmadinejad, tomando as mãos de seu anfitrião e abraçando-o diante das câmaras.

Do ponto de vista econômico, os dois países assinaram vários acordos. Politicamente, ambos mantêm uma atitude bastante crítica aos Estados Unidos. Além disso, a Venezuela mostrou seu apoio ao programa nuclear desenvolvido pelo Irã.

"Nós aqui nos sentimos em casa. O povo iraniano e venezuelano formaram uma frente comum diante das arrogâncias do imperialismo mundial. Uma frente que resiste com valentia perante os inimigos dos povos do mundo", disse Ahmadinejad.

Segundo o presidente iraniano, há uma revolução acontecendo na América do Sul, onde há um futuro brilhante que "pertence aos povos".

"Vamos estar juntos com dignidade, resistência, consciência e inteligência. Dou graças a Deus por estar aqui, entre meus irmãos, com um grande povo resistente. Estamos no início do caminho para o topo", considerou Ahmadinejad.

"Viva a Venezuela, viva Chávez", concluiu o presidente iraniano, falando em espanhol.

O presidente venezuelano aproveitou a cerimônia de recepção para se lançar mais uma vez contra Israel, Estado que qualificou de "braço assassino do império ianque".

O líder da Venezuela criticou assim as declarações do presidente israelense, Shimon Peres, que disse há poucos dias que Chávez e Ahmadinejad vão desaparecer em pouco tempo porque seus povos estão cansados deles.

A Venezuela rompeu em janeiro suas relações diplomáticas com Israel em protesto à ofensiva militar na faixa de Gaza, dias depois de que Chávez expulsara o embaixador israelense pelo mesmo motivo.

Fonte: Folha
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