terça-feira, 24 de novembro de 2009

Ahmadinejad diz que EUA e Israel não teriam coragem de atacar o Irã


O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta segunda-feira, em Brasília, que Israel e Estados Unidos não teriam coragem de atacar seu país, ao responder a uma pergunta sobre o que faria caso os Estados Unidos encabeçassem uma invasão ao território iraniano. As potências ocidentais pressionam Teerã a aceitar uma fiscalização mais rígida sobre seu programa nuclear, que os israelenses consideram uma ameaça.

"O tempo é de diálogo e do pensamento. Armas e ameaças pertencem ao passado, até para as pessoas atrasadas mentalmente", afirmou Ahmadinejad, em uma entrevista coletiva. Ao longo do dia, ele se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e visitou o Congresso Nacional.

Durante a entrevista, concedida no hotel onde o presidente está hospedado, em Brasília, um rapaz entrou na sala, segurando a bandeira colorida símbolo do orgulho gay. O rapaz foi expulso da sala por oficiais da Polícia Federal.

Grupos judaicos, de defesa dos direitos humanos e entidades de defesa dos direitos dos homossexuais protestaram contra a visita do presidente iraniano, que já afirmou não haver homossexuais em seu país, questiona o Holocausto e já falou em varrer Israel do mapa.

Ahmadinejad afirmou, respondendo à pergunta da imprensa, que as pessoas estão livres em seu país para expressar suas ideias.

"No Irã as pessoas podem apresentar seus pontos de vista, também existe essa liberdade", disse. O presidente emendou sua resposta falando que "o povo brasileiro é um povo de que nós gostamos".

O presidente iraniano esquivou-se de responder se é a favor da solução de dois Estados independentes para resolver o conflito israelo-palestino.

Ele defendeu a união palestina, e disse que o problema do povo palestino deve ser resolvido pela raiz.

"Para solucionar, temos que pensar nas raízes desse problema. É como uma doença. Se não conhecermos o motivo da doença não conseguimos tratar."

Sobre os cinco presos condenados à morte, em função dos protestos contra supostas fraudes na votação que o reelegeu, em junho, Ahmadinejad disse que qualquer país tem seus regulamentos e que o poder Judiciário iraniano é muito independente. "Se o motorista ultrapassar um sinal vai ser multado", afirmou.

O Irã é um país democrático e não precisa do apoio do presidente Lula para legitimar seu governo. "Legitimidade do governo vem do povo, não de outra parte. Nossas relações são baseadas na amizade", disse o presidente.

Ahmadinejad está nesta segunda-feira em Brasília na primeira viagem oficial de um presidente iraniano ao Brasil. Ele Viaja amanhã às 5h para Bolívia. Depois, segue para Venezuela, Gâmbia e Senegal. Uma comitiva com 198 empresários veio com o líder iraniano para negociações com o empresariado brasileiro.

A entrevista coletiva foi o último compromisso do presidente iraniano no Brasil. Uma palestra que estava marcada para a noite desta segunda-feira em uma faculdade de Brasília foi cancelada. Segundo a assessoria de imprensa da embaixada iraniana, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) afirmou que não poderia garantir a segurança do local, mas a informação não foi confirmada pela Presidência brasileira.


Fonte: Folha
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