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domingo, 22 de novembro de 2009
Ahmadinejad buscará na América do Sul um respiro para a pressão internacional
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, sob a ameaça de sanções externas mais duras e com uma conflituosa situação interna, inicia nesta segunda-feira uma viagem pela América do Sul na busca de ajuda para enfrentar a pressão internacional.
O presidente iraniano chegará na segunda-feira ao Brasil após uma breve escala no Senegal, depois viajará pela primeira vez à Bolívia e terminará seu périplo na Venezuela, seu melhor aliado na região.
"É uma visita estratégica. Vão ser concretizados acordos e abrir outros campos de colaboração e entendimento com países que são amigos, tanto no terreno político como econômico", explicou à Agência Efe Ali Akbar Javanfaker, assessor de Imprensa Internacional da Presidência iraniana.
O objetivo não declarado é, no entanto, buscar novas vias de escape para não ficar isolado e novos mercados perante a ameaça dos Estados Unidos de impor medidas punitivas mais fortes, se o regime dos aiatolás não responder de forma positiva à enésima proposta nuclear.
Em meados de outubro, Washington, Paris e Moscou propuseram a Teerã enviar seu urânio a 3,5% para o exterior e recuperá-lo um tempo depois enriquecido a quase 20%.
Na semana passada, e perante a ausência de uma resposta oficial, o presidente americano, Barack Obama, advertiu o regime teocrático iraniano que se mantiver sua atitude deverá enfrentar as consequências.
Até o momento, o Irã só contestou de palavra e sugeriu que em nenhum caso está disposto a ceder seu urânio e que rejeitará de novo o acordo.
A questão nuclear e a possibilidade das sanções serão dois dos temas destacados na reunião que Ahmadinejad manterá com seu anfitrião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confirmaram à Efe fontes dos dois países.
"Queremos abrir uma nova fase nas relações e confirmar o que já temos. Será tratada a relação bilateral, mas também questões regionais e internacionais e o tema da energia nuclear", afirmou Javanfaker.
O Irã confia na postura de Lula, que defendeu o direito do Irã à energia atômica sempre que for para uso civil e se mostrou reticente às sanções econômicas a um país com o qual o Brasil não esconde que deseja ampliar ao máximo sua relação comercial.
Diplomatas brasileiros destacados na capital iraniana revelaram à Efe que um dos assuntos a tratar durante a visita serão os mecanismos para eliminar os impedimentos financeiros que as sanções põem ao comércio bilateral.
Segundo números oficiais, a balança entre ambos os países foi avaliada em cerca de US$ 1,5 bilhão anual, e é claramente propícia ao Brasil que vende produtos alimentícios e importa do setor petroquímico iraniano.
O objetivo do Brasil a curto prazo é atrair o Irã para a indústria do etanol e posicionar-se para entrar no negócio da aeronáutica no Irã, atualmente sujeito às sanções internacionais.
No terreno político, o Brasil quer garantir o apoio do regime iraniano para sua reivindicação de mudança no conselho de Segurança da ONU.
Após sua visita à maior potência econômica da América Latina, Ahmadinejad vai a La Paz, onde se reunirá com seu colega, Evo Morales.
"Na Bolívia pretendemos abrir uma nova etapa nas relações e achamos que as perspectivas são boas. Apoia o Irã em muitas questões e compartilhamos a ideia de um mundo mais equitativo", diz Javanfaker.
Sobre a mesa, questões como a possível abertura de uma representação permanente da Bolívia em Teerã ou a eventual visita do líder andino à capital iraniana.
Ahmadinejad termina sua viagem em Caracas, onde se encontrará com seu amigo e colega, Hugo Chávez, um dos aliados mais sólidos do regime iraniano.
Irã e Venezuela assinaram nos últimos anos cerca de 300 memorandos de entendimento, dos quais cerca de 80% já foram aplicados, disse esta semana em Teerã o chefe da diplomacia venezuelana, Nicolás Maduro.
Além disso, Chávez viajou duas vezes este ano à capital iraniana e compartilhou sua tese de que o "capitalismo" morreu.
Ahmadinejad, por sua vez, foi um dos primeiros presidentes a apoiar a denúncia contra a abertura de bases americanas na Colômbia.
No entanto, apesar das sinergias, um dos temas a tratar será a polêmica oferta de Chávez de vender 20 bilhões de barris de gasolina diários ao Irã para enfrentar o possível embargo de combustível que os EUA estão planejando.
A proposta venezuelana foi bloqueada pelo Parlamento iraniano após constatar que o preço sugerido pela Venezuela é maior que o do mercado.
Fonte: EFE
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