sexta-feira, 23 de outubro de 2009
EUA ganha apoio da República Tcheca para escudo antimísseis
O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou nesta sexta-feira em visita a Praga que a República Tcheca está disposta a participar no novo projeto de escudo antimísseis americano. O país tornou-se assim o terceiro apoio declarado europeu ao projeto, depois da Polônia e Romênia.
"Aprecio a declaração do primeiro-ministro de que a República Tcheca está disposta a participar na nova arquitetura", declarou Biden durante uma entrevista a jornalistas ao lado do premiê tcheco, Jan Fischer.
Em 17 de setembro passado, Barack Obama anunciou que seu governo havia desistido do acordo fechado em 2008 entre Varsóvia e Washington que previa a instalação de dez interceptores de mísseis balísticos de longo alcance até 2013 na Polônia e um potente radar na República Tcheca.
A ideia da administração Obama é investir em tecnologia mais moderna, bases marítimas em vez de apenas terrestres e interceptores móveis --capazes de se adaptar às ameaças quando e onde estiverem. Assim, as instalações previstas para Polônia e República Tcheca não seriam mais necessárias.
Biden fez um tour pela Europa central e oriental nesta semana para reiterar o compromisso dos EUA com a região e amenizar as preocupações da Polônia e da República Tcheca com a mudança dos planos americanos para o sistema de defesa.
Os dois países viam no sistema proposto por George W. Bush uma forma de se proteger do avanço russo na região, principalmente pelo controle dos suprimentos de energia. A Rússia, por sua vez, comemorou a mudança de planos como um recuo das forças americanas que estavam em franca expansão na região.
Biden disse ainda que as autoridades de defesa devem discutir as formas de cooperação no novo plano. "Uma equipe de alto escalão de defesa virá a Praga no começo de novembro para discutir isso, assim como a cooperação em várias áreas."
A participação tcheca no novo sistema americano depende em parte da formação do novo governo, depois das eleições de meados de 2010.
Os partidos de direita do país apoiam a participação no sistema, mas a esquerda se pôs ao plano da era Bush e não assumiu posição oficial sobre o novo projeto.
Saiba mais sobre o novo plano de defesa antimísseis dos EUA
Ameaça
O plano revisado pelo governo Obama responde aos dados da inteligência americana que apontam que a ameaça de mísseis balísticos de curto e médio alcance iranianos cresceu mais rapidamente que o desenvolvimento de mísseis de longo alcance pelo país.
Assim, a ameaça iraniana nos próximos anos será maior para os aliados dos Estados Unidos na Europa e no Oriente Médio do que para território americano.
Tecnologia
O projeto revisado pelo governo Obama inclui novos interceptores marítimos e terrestres com base essencialmente na evolução do míssil antibalístico Standard Missile-3 (SM-3) e uma nova linha de sensores para detectar e rastrear mísseis na Europa.
A ideia é investir em uma nova arquitetura de distribuição de interceptores e sensores que não exige um único radar fixo como o planejado na República Tcheca.
O sistema usa ainda uma nova tecnologia de interceptores que não exige mais a instalação de 10 bases terrestres na Polônia.
Fases
O plano do governo Obama para a construção de um sistema de defesa antimísseis na Europa inclui quatro fases:
Fase 1
Prevista para 2011, a primeira fase do projeto posiciona os sistemas já existentes e de eficácia comprovada na Europa para proteger os aliados e os militares americanos na região. Esta tecnologia inclui o sistema com base marítima Aegis Weapon System, o interceptor SM-3, conhecido como Block IA, e sensores como o Sistema de Vigilância Transportável por Radar do Exército e da Marinha.
Fase 2
Prevista para 2015, a segunda fase do plano inclui a adoção de uma nova versão do interceptor SM-3, conhecida como Block IB, em bases terrestres e marítimas. Inclui ainda sensores mais avançados para expandir a defesa contra a ameaça de mísseis de curto e médio alcance.
Fase 3
Prevista para 2018, depois de completada a fase de desenvolvimento e estes, uma nova geração dos mísseis SM-3 --Block IIA-- será adotada para impedir mísseis de alcance intermediário.
Fase 4
Prevista apenas para 2020, novamente após uma bateria de testes e investimento em desenvolvimento, a última fase do plano revisado inclui a adoção do SM-3 --Block IIB-- para interceptar mísseis de médio e intermediário alcance de maneira mais efetiva, além de preparar o sistema para futura defesa contra ameaças mais sofisticadas
Fonte: Folha
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