sábado, 31 de outubro de 2009


Apesar de terem testemunhado o que houve antes de o avião C98 Caravan ter feito um pouso forçado em um igarapé localizado em área florestal de difícil acesso no município de Atalaia do Norte (AM), os sobreviventes do acidente ainda não conseguiram prestar relatos precisos sobre o ocorrido. Eles passaram por avaliação médica no Hospital Geral do Juruá, em Cruzeiro do Sul, e passam bem. Dos nove sobreviventes, três moram em Manaus. Os outros, em Tabatinga e em Atalaia do Norte.


"Na busca por sua própria sobrevivência, os passageiros localizados não conseguem, neste momento, falar sobre parte do que houve. O máximo que conseguimos saber deles é que os dois desaparecidos não os acompanharam na saída da aeronave e até a margem do igarapé", informou o comandante do 7º Comando Aéreo Regional, major-brigadeiro-do-ar Jorge Cruz de Souza e Mello.

As operações de busca pelos dois desaparecidos continuam. Lanchas da Marinha, oito aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) e 125 militares estão envolvidos na ação. Ainda não são conhecidas as causas do acidente, mas segundo o major-brigadeiro Souza e Mello, o C98 Caravan é uma aeronave com "alta capacidade de sobrevivência". O avião foi encontrado a 10 milhas à esquerda da rota e, na avaliação do brigadeiro, o local foi escolhido para pouso por apresentar maior segurança para todos.

"O Caravan é uma aeronave extremamente segura, mas na hora de um acidente os pilotos têm uma missão específica que é tentar conduzir a aeronave a um local seguro. É preciso uma escolha no momento, apesar da rapidez com que as coisas acontecem", disse à Agência Brasil.

Ainda na avaliação de Souza e Mello, o trabalho do piloto foi fundamental para garantir a sobrevivência do maior número possível de pessoas. "A aeronave foi determinante, mas a competência do piloto e dos mecânicos em abrir as portas e auxiliar na saída das pessoas, mesmo dentro do rio, foi elemento decisivo para os sobreviventes."

A aeronave estava com as revisões em dia e voava com equipe experiente, segundo o comandante da Aeronáutica. O piloto, o primeiro-tenente Carlos Wagner Ottone Veiga, tem sete anos de experiência e mais de 1.000 horas de voo nesse tipo de avião. O suboficial desaparecido, Marcelo dos Santos Dias, tem 3.000 horas de voo como mecânico e também é considerado muito experiente.

Segundo o coordenador da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no Amazonas, Pedro Paulo Coutinho, os sobreviventes e os parentes estão recebendo todo o apoio necessário. A servidora Josiléia Vanessa de Almeida, grávida de três meses, também está em boas condições de saúde. Os servidores da Funasa embarcaram no voo a serviço da Operação Gota, com a responsabilidade de vacinar mais de 3 mil indígenas na região do Vale do Javari. Eles já estavam há 15 dias em atividade na região.

"Já estamos em contato com os familiares e prestando apoio necessário, com a ajuda dos Distritos de Saúde Indígena de Tabatinga e Atalaia do Norte", informou.

Guincho de helicóptero

O resgate dos nove passageiros que sobreviveram ao acidente contou com a ajuda de um guincho de helicóptero. De acordo com Souza e Mello, o local onde o avião foi encontrado não oferecia condições de pouso nem mesmo para outra aeronave menor, como um helicóptero.

"Primeiramente descemos um dos nossos homens pelo guincho do helicóptero e também um médico. Os sobreviventes foram resgatados, um a um, pelo guincho e levados para receber avaliação médica em Cruzeiro do Sul", relatou Souza e Mello.

As nove pessoas encontradas --quatro homens e cinco mulheres, entre elas uma grávida de três meses (Josiléia Vanessa de Almeida)-- foram avistadas por indígenas da tribo dos Matis. Para intensificar as buscas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) avisou às aldeias da região sobre o acidente. A comunicação sobre a localização do avião foi feita por meio de rádio amador para a Funai em Atalaia do Norte.

Depois disso, a informação foi encaminhada ao Centro de Salvamento do 7º Comar, que funciona no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo em Manaus (Cindacta 4). Para Souza e Mello, o apoio dos indígenas foi fundamental para a localização da aeronave.

"A Funai emitiu o pedido de ajuda e houve retorno das aldeias, até mesmo em linguagem nativa. Soubemos que índios caminhando na selva e caçando em atividades próprias teriam avistado a aeronave. Com as coordenadas, chegamos em cerca de uma hora ao local", acrescentou o comandante.

Fonte: Agência Brasil
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