terça-feira, 22 de setembro de 2009
Jobim cobra definição sobre transferência de tecnologia
Para ministro da Defesa, informações sobre caças devem ser “minuciosas e claras”.
Começa hoje a fase final e definitiva do programa F-X2, para escolha do novo caça avançado da Força Aérea. O pacote de informações suplementares solicitadas pelo governo aos finalistas, esperado para hoje no Ministério da Defesa, em Brasília, tem grande chance de ganhar novo prazo. O essencial, afirma o ministro Nelson Jobim, é que “sejam minuciosas e claras”.
Para Jobim, é preciso esclarecer o significado concreto de certas palavras, como “ilimitada”, contida na oferta da França, e “necessária”, presente na manifestação dos Estados Unidos, no ponto em que ambos os documentos tratam da transferência de tecnologia. No caso da Suécia, o ministro considera que não está nítido o esquema que permitirá contornar restrições em relação aos sistemas fabricados nos EUA e utilizados no Gripen NG.
A encomenda vale cerca de US$ 7,5 bilhões, envolve 36 supersônicos e vai crescer até cerca de 120 caças, a meta de longo prazo da Aeronáutica.
A Casa Branca participa como pode - e pode muito. O principal obstáculo na aquisição do F-18 E/F Super Hornet é a legislação referente à abertura dos conhecimentos sensíveis. Esse é um requisito da seleção F-X2.
Sob risco de desqualificação, a proposta da Boeing recebeu garantias diretas do Departamento de Estado e do presidente Barack Obama. No dia 13 de agosto, seu gabinete informou que o conjunto de leis referentes seria revisto. Há quatro dias, o secretário de imprensa, Robert Gibbs, revelou que a intenção é atualizar o procedimento, criado durante a Guerra Fria, nos idos de 1968, de forma a encarar desafios comerciais atuais. Não se falou do caso brasileiro. Nem era necessário: no dia 4, o congresso americano aprovou a entrega das tecnologias exigidas. Todavia, os oferecimentos da Dassault e da Saab continuariam sendo mais abrangentes.
Há duas semanas os fornecedores internacionais, a Boeing, americana, a Dassault, francesa, e a Saab, sueca, estão empenhados em melhorar cada uma das ofertas finais.
A decisão, acredita um brigadeiro da Aeronáutica, depende agora apenas de avaliações estratégicas - para o oficial, toda a equação técnica está resolvida, considerado o fato de que os três aviões, o F-18 E/F, o Rafale-3 e o Gripen NG, podem assumir a missão operacional da Força, com variações de peculiaridades.
A posição mais delicada é a do consórcio Rafale International, que reúne as empresas fabricantes do caça francês. Depois do anúncio do dia 7, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou ao presidente Nikolas Sarkozy que a preferência era pelo jato de combate da Dassault, o favoritismo depende da confirmação do ajuste prometido pelo grupo.
Os pontos a serem reposicionados estão na área de custos, de aquisição e de operação. Sarkozy assumiu o compromisso de trazer a hora de voo para os padrões praticados na Armée de L”Air, entre US$ 8 mil e US$ 9 mil. É próximo do avaliado para o F-18, mas ainda é o dobro do garantido como sendo o teto do Gripen NG.
Na área técnica do Comando da Aeronáutica a redução é um problema fácil de resolver: os especialistas lembram que a formação do preço leva em conta a despesa com infraestrutura e logística, significativamente menor no Brasil em relação à Europa ou as áreas de conflito. Os mesmos oficiais sustentam que os centros de operações aéreas dos dois países estão trocando informações referentes.
Executivos franceses do setor aeroespacial, que não querem ser identificados, acreditam na reorganização da negociação pela abordagem de outros tópicos, como os termos do financiamento, mais os cronogramas de pagamentos e de cadência de entregas das aeronaves. Os analistas lembram que as discussões da Comissão Coordenadora do Programa da Aeronave de Combate (Copac) com as três empresas selecionadas, são mantidas ininterruptamente desde janeiro.
Na Saab, a expectativa é de que o último polimento no processo possa ser determinante na reta final. A empresa oferece participação em 40% do caça - tanto na versão BR, que participa da F-X2, como na produzida para a força aérea sueca. Nenhum componente possível de ser produzido pela indústria brasileira será replicado na Suécia. A proposta de fabricar no País todos os aviões, desde a primeira unidade, foi formalizada.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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