segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Brasil ainda não se deu conta de que é uma grande nação
Segundo o presidente, país saiu da condição de 'receptor' para 'doador'.
'É possível mudar geografia política, comercial e econômica do mundo', diz
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, durante o encerramento da 2ª Cúpula América do Sul-África, em Isla Margarita (Venezuela), que o Brasil ainda não se deu conta de que é uma grande nação.
"De que saiu da condição de país receptor para um país doador (...) Todos nós aprendemos a vida inteira a pedir recursos para os países ricos e a não assumirmos as responsabilidades de sermos países doadores, de dar tecnologia, de passar os conhecimentos que temos. Isso é uma coisa nova na América do Sul. Não faz muito tempo que a relação entre nós era muito pequena e distante", afirmou ele a outros chefes de Estado presentes.
Crise financeira
Segundo o presidente da República, a crise financeira interncional, que se agravou em setembro do ano passado com o anúncio de concordata do Lehman Brothers, mostrou que os países que tinham mais opções (para o comércio internacional) sofreram menos efeitos.
"Porque não dependíamos de um bloco ou de uma economia. Vocês percebem claramente que, na época da crise, todos os países ricos que defendiam o livre comércio foram os primeiros a se fecharem no protecionismo", questionou Lula.
De acordo com Lula, os países africanos são "testemunhas" da tentativa que o Brasil fez para negociar a rodada de Doha (de comércio mundial), "sobretudo pensando em abrir o mercado agrícola europeu para os países africanos, e não conseguimos".
Mudar a 'geografia' do mundo
Na visão do presidente, é possível mudar "a geografia política, comercial e econômica do mundo". "Não será possivelmente no meu governo. Possivelmente não será nos governos de muitos dos senhores [presidentes]. Mas, quem vier depois de nós, estará comprometido com uma lógica política que não existia há dez anos atrás", afirmou.
De acordo com Lula, não é possível que, depois da independência e da guerra civil, em alguns países da América do Sul e África, a maioria ainda esteja "colonizada economicamente porque depende de tecnologia, financiamento e mercado dos países ricos".
"Eu queria que vocês saíssem daqui com a certeza de que o século 21 pode ser o século da África, da América Latina e da América do sul. Basta que tenhamos clareza que dependemos muito mais de nossas decisões do que dos sonhos, das ajudas externas, que passamos todo o século 20 esperando e estamos esperando no século 21", concluiu.
Fonte: G1 Noticias
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